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Ingestão de álcool na gravidez eleva risco de depressão

Da Redação*

14/07/2010 09h00

O consumo de álcool na gravidez está relacionado a sofrimento psiquiátrico durante e após a gestação. Segundo estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), existe uma associação entre o aumento de sintomas depressivos e o aumento de ingestão de bebidas alcoólicas na gestação.

A pesquisa também indica uma maior prevalência de depressão pós-parto entre as mulheres que tiveram ao menos um binge alcoólico durante a gravidez. O binge é caracterizado pela ingestão de cinco ou mais doses alcoólicas em uma única ocasião, sendo que uma dose contém 12 gramas de álcool puro. “Uma lata de cerveja, por exemplo, contém uma dose de álcool”, descreve Poliana Patrício Aliane, autora do estudo.

O trabalho contou com um grupo de 177 mulheres grávidas. A média de consumo encontrada por gestante foi de 163,7 gramas de álcool ou quase 14 doses ao longo dos nove meses de gestação. “Essa é uma quantia elevada se levarmos em conta que o recomendado é que não se consuma nada”, explica a pesquisadora, que ressalta: “Qualquer consumo já impõe um risco à saúde do bebê. Não existe um valor mínimo de segurança.”

Outro novo fator encontrado foi um predomínio de sintomas depressivos ao longo da gestação e não no pós-parto. Do total de gestantes, aproximadamente 20% apresentaram sintomas de depressão durante a gravidez, ante 14,7% que se mostraram deprimidas no pós-parto.

A psicóloga ressalta que não há uma única causa da depressão em gestantes. “São vários fatores de risco que contribuem para um desfecho”, descreve. “Pré-disposição genética, insatisfação na vida pessoal ou na relação conjugal, são alguns desses fatores e o consumo de álcool vem se juntar a eles.”

Para diminuir o consumo

Atualmente, a pesquisadora trabalha no desenvolvimento de um protocolo de intervenções breves para reduzir o consumo de álcool na gestação. “As intervenções exigem alguma adaptação porque o uso de álcool durante a gravidez traz mais consequências, como maior risco de aborto, de partos prematuros e riscos para o próprio bebê”, explica.

O protocolo ainda está fase de elaboração e é desenvolvido pelo Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade da faculdade. Em sua tese de doutorado, Aliane pretende verificar a eficácia da intervenção breve na redução do consumo de álcool entre gestantes.


* Com informações da Agência USP de Notícias