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Idioma de juiz interfere na tendência a ignorar certas faltas

Por Sindya N. Bhanoo

The New York Times

20/07/2010 18h20

Os fãs que questionaram furiosamente diversas decisões de árbitros na Copa do Mundo este ano não se surpreenderão com um estudo publicado no jornal “PLoS One”, que descobriu propensões inerentes em juízes. Eles podem, porém, se surpreender com o fato de que essa tendência vem da percepção. O estudo descobriu que os juízes cujos idiomas são lidos da esquerda para a direita marcam mais faltas quando a ação se move na direção oposta.

“Estamos acostumados a mover nossos olhos da esquerda para a direita, então temos uma preferência por visualizar acontecimentos nessa direção”, afirmou Alexander Kranjec, neurocientista da Universidade da Pensilvânia e principal autor do estudo.

Graças a essa preferência, eventos que ocorrem da direita para a esquerda são percebidos como atípicos, e os árbitros podem ter maior tendência em marcar as faltas, disse Kranjec. Estudos anteriores sugeriram que tais efeitos ocorrem de maneira inversa naqueles cujo idioma se lê da direita para a esquerda.

“Seria interessante fazer isso com especialistas em futebol de idioma hebraico ou árabe”, afirmou Kranjec.

Ele e seus colegas conduziram o estudo com jogadores de futebol universitário na Universidade da Pensilvânia. Os jogadores avaliaram faltas em imagens de jogadas, e em seguida tiveram de fazer o mesmo com imagens espelhadas dos mesmos lances. Em média, eles deram cerca de três faltas a mais em ações ocorrendo da direita para a esquerda.

É improvável que a novidade tenha alguma aplicação em marcações discutíveis no futebol, já que as decisões do árbitro são absolutas. Também dependeria da posição do juiz e dos idiomas que ele lê. Assim, há poucas chances de que a ciência acalme as discussões – que já fazem parte tanto da Copa do Mundo quanto dos próprios jogos.