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Hubble detecta estrela hiperveloz ejetada pelo buraco negro da Via Láctea

Concepção artística mostra a estrela hiperveloz HE 0437-5439; veja no álbum do mês - Nasa/ESA
Concepção artística mostra a estrela hiperveloz HE 0437-5439; veja no álbum do mês Imagem: Nasa/ESA

Da Redação

22/07/2010 16h03

O telescópio espacial Hubble detectou uma das estrelas mais rápidas já identificadas, uma entidade rara que se move três vezes mais rápido do que o nosso Sol.

A estrela pode ter sido criada por acidente. Uma centena de milhões de anos atrás, um sistema de estrelas triplo estava viajando através do movimentado centro da Via Láctea, quando passou perto demais do buraco negro da nossa galáxia. Um dos astros teria sido capturado e os outros dois foram arremessados para fora da Via Láctea. As duas estrelas se fundiram para formar uma estrela quente e azul, capaz de viajar a velocidades incríveis.

A história parece ficção científica, mas os astrônomos dizem que esse é o cenário mais provável para a criação de uma estrela hiperveloz. Batizada de HE 0437-5439, ela viaja a uma velocidade de 2.5 milhões de quilômetros por hora. Observações do Hubble confirmam que o velocista estelar vem do núcleo da Via Láctea.

Os astrônomos acreditam que a maioria das cerca de 16 estrelas hipervelozes conhecidas, descobertas desde 2005, foram exiladas do centro de nossa galáxia. Mas esta é a primeira observação direta que liga uma estrela à sua origem no centro galáctico.

O astrônomo Warren Brown, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica em Cambridge, membro da equipe do Hubble que observou a estrela, é o autor de um artigo sobre o estudo, publicado na revista “Astrophysical Journal Letters”. Segundo ele, para cada 100 milhões de estrelas na galáxia, esconde-se uma estrela hiperveloz. "A estrela está viajando a uma velocidade absurda, o dobro do que precisa para escapar do campo gravitacional da galáxia", disse Brown.

A idade da estrela é outro mistério. Com base na velocidade e posição da HE 0437-5439, a estrela teria que ter 100 milhões de anos para ter viajado desde o núcleo da Via Láctea. No entanto, a sua massa - nove vezes maior que a do nosso Sol – e sua cor azul indicam que ela deve ter queimado depois de apenas 20 milhões de anos.

A explicação mais provável para a cor azul da estrela e para sua velocidade extrema é que ela era parte de um sistema estelar triplo que foi envolvido em um jogo de bilhar gravitacional, por causa do buraco negro. Este conceito foi proposto pela primeira vez em 1988. A teoria prevê que um buraco negro da Via Láctea deve ejetar uma estrela uma vez a cada 100 mil anos.