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Chás emagrecedores devem ser consumidos com cautela

Chris Bueno

Especial para o UOL Ciência e Saúde

23/08/2010 07h00

Eles são amplamente divulgados em revistas de beleza, facilmente encontrados em farmácias e feiras, e vendidos com a promessa de perder muitos quilos em poucos dias. Mas tomar um chá emagrecedor sem orientação médica é arriscado, segundo especialistas.

A maioria dos chás emagrecedores são uma combinação de várias plantas conhecidas por agirem como laxantes ou diuréticos. Assim, seu efeito é apenas paliativo: eles agem fazendo o intestino funcionar melhor e facilitando a digestão, mas não queimam gorduras. Além disso, embora haja muitos estudos buscando comprovar a ação emagrecedora desses chás, nenhum resultado até o momento foi conclusivo. Ou seja, cientificamente ainda não há provas que eles realmente funcionem.

Entre os chás emagrecedores mais conhecidos estão sene, cáscara-sagrada, cavalinha, salsaparrilha, capim-limão, alecrim, gengibre e chá verde. Mas aqui vale novamente o alerta: em doses altas (acima de dois litros por dia) essas bebidas podem causar diarreia, podendo até levar a desidratação e irritações na parede do intestino. O uso prolongado também é arriscado e pode provocar irritações na mucosa intestinal e até lesões ou problemas renais sérios.

“É preciso ter bem claro que não existe uma fórmula mágica e que o natural também pode fazer mal!”, alerta Ana Lúcia Tasca Gois Ruiz, pesquisadora da Divisão de Farmacologia e Toxicologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ela exemplifica: “A sene, que é muito utilizada como emagrecedor por seu efeito laxante, deve ser utilizada com muita cautela e nunca de forma contínua, uma vez que possui uma classe de compostos chamada derivados antracênicos que provocam irritação da mucosa intestinal podendo levar ao desenvolvimento de lesões sérias”.

Outro cuidado na hora de comprar é saber a procedência do produto. Como os chás não são regulamentados como medicamentos eles não passam por testes rigorosos como os medicamentos alopáticos, por exemplo. Esses medicamentos, que são encontrados em farmácias e são fabricados por indústrias farmacêuticas, passam por testes de toxicidade, testes clínicos, e são registrados pela Anvisa. Mas os chás, não. “Como saber se o material utilizado (parte de plantas, folhas, raízes, etc) está bem convervado? Ou então, será que os ativos presentes estão na concentração correta? Além disso, muitas dessas preparações para emagrecer, principalmente as clandestinas, podem conter medicamentos como anfetaminas, o que pode causar um risco sério à saúde”, alerta Ernani Pinto, professor do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da USP (Universidade de São Paulo).