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Pesquisadores descobrem ossadas que podem ter mais de 3.000 anos em MG

Escavação no "Abrigo do Ângelo", em Paim (MG); clique aqui para ver mais imagens - Cortesia Gilmar Henriques
Escavação no "Abrigo do Ângelo", em Paim (MG); clique aqui para ver mais imagens Imagem: Cortesia Gilmar Henriques

Da Redação

Em São Paulo

15/09/2010 12h30

O Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), em Minas Gerais, acaba de realizar sua primeira escavação. Pesquisadores encontraram ossadas de três índios que podem ter sido enterrados no local há cerca de 3 mil anos.

As escavações aconteceram no sítio arqueológico "Abrigo do Ângelo", no município de Pains. O local foi identificado e registrado em 2002, segundo o diretor do museu, Gilmar Henriques. Ele conta que, na época,  foi constatado um sumidouro com abertura de aproximadamente 60 centímetros de diâmetro no interior do sítio arqueológico, que está localizado na base de um rochedo de calcário.

"Em 2008, em uma visita ao sítio, foi constatado que o sumidouro havia se ampliado para um diâmetro de quase 4 metros, literalmente tragando para dentro da terra todo o sedimento do sítio, juntamente com todo o acervo arqueológico encontrado no local", relata. Foi então que a equipe apresentou um projeto para o resgate arqueológico do sítio.

O projeto foi iniciativa do MAC, em parceria com o projeto de doutorado desenvolvido por Henriques no Programa de Pós-Graduação do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo.

As escavações iniciais priorizaram a borda do sumidouro, área com maior risco de erosão, e no local foi possível constatar vestígios de atividades cotidianas: utilização de vasilhames cerâmicos e machados de rocha polida nos níveis superficiais, além da fabricação de ferramentas de pedra lascada e fogueiras onde vários animais foram preparados e em torno das quais foram consumidos.

"A fim de amostrar e compreender a utilização do local, iniciamos as escavações em um outro compartimento, mais afastado do sumidouro e, para nossa surpresa, nos deparamos com uma área cerimonial, ocupada por um cemitério pré-histórico utilizado em diferentes épocas", afirma o diretor.

Três esqueletos foram exumados. "Dois deles se apresentaram na forma de sepultamentos secundários, nos quais os ossos estavam desarticulados, mas arranjados. Um terceiro esqueleto se apresentou na forma de um sepultamento primário, com todos os ossos articulados, e em ótimo grau de preservação", descreve Henriques.

Sepultamentos semelhantes escavados no município de Pains foram datados em 7.000 anos. Mas as expectativas sobre a idade dos corpos só serão confirmadas após envio das amostras do esqueleto para a realização da datações radiocarbônicas.

O esqueleto também será estudado por antropólogos físicos, para que se levantem dados sobre seu sexo, idade, hábitos cotidianos, eventuais doenças e tipo de população a qual o indivíduo pertencia. Depois, o material será mantido no MAC. Uma exposição temporária com os achados do sítio deve ocorrer no segundo trimestre de 2011.

O diretor informa, também, que o Carste do Alto São Francisco é alvo de outro projeto de pesquisa, do arqueólogo Edward Koole, que desenvolve projeto de doutorado na USP (Universidade de São Paulo) sobre sítios da região que foram ocupados por caçadores-coletores do período Arcaico.

O MAC Foi inaugurado em abril deste ano e reúne achados arqueológicos encontrados em oito municípios da região: Pains, Arcos, Formiga, Córrego Fundo, Pimenta, Piumhi, Doresópolis e Iguatama.