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Método terapêutico criado em 1987 começa a ser levado a outros países

Carla Prates

Especial para o UOL Ciência e Saúde

05/11/2010 07h00

A terapia comunitária nasceu em 1987 em uma comunidade com cerca de 50 mil habitantes na favela de Pirambu, em Fortaleza (CE). Na época, o psiquiatra (também formado em filosofia e teologia) Adalberto Barreto dava aulas de medicina na Universidade Federal do Ceará e vários casos de repercussão psíquica eram enviados à faculdade.

Como não havia remédio para todos eles, ele e um grupo de alunos resolveram inverter o curso das coisas: “pedi para não me encaminharem mais ninguém, e fomos até onde estava o problema, a favela de Pirambu”. Ele conta que havia umas 30 pessoas para serem atendidas, mas não havia remédio para todo mundo.

A solução encontrada pelo médico foi ouvir as pessoas. Eles perceberam que a maioria só queria desabafar, não estava precisando de medicamento. E, a partir da experiência, nasceu a técnica que trata e acolhe o sofrimento.

O criador da terapia revela que a técnica pretende unir o saber acadêmico ao popular. E essa experiência tem sido replicada para outros países da América Latina, entre eles Uruguai e Chile, e até para a África e a Europa.

Recentemente, houve uma capacitação de profissionais na França, em Grenoble. “Na Europa, a miséria afetiva é que desumaniza as pessoas, que não conversam entre si, os vizinhos não se conhecem. A terapia comunitária atua na construção de vínculos”, pondera Barreto.