Estudos associam componente de produtos de higiene a alergia e outros problemas
Um estudo da Universidade Tufts, de Boston (EUA), coordenado pelo professor e doutor Stuart B. Levy, apontou que até o meio da década de 90 existiam pouco mais de uma dúzia de produtos antibacterianos para uso doméstico. Hoje em dia são mais de 700, de todos os tipos: sabonetes, pasta de dentes, detergentes, produtos de limpeza no geral e loções para mãos, entre outros.
O aumento mostra como a sociedade está cada vez mais obcecada com a limpeza. A propaganda e a mídia contribuem com a preocupação coletiva, “reforçando a ideia de que é preciso uma proteção extra para as pessoas se sentirem mais seguras”, afirma a médica Valeria Petri, professora titular do departamento de dermatologia infecciosa e parasitária da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Muitos dos produtos destinados a combater germes contêm triclosan, uma substância que já foi associada, em estudos, a casos de alergia, problemas hormonais em animais e riscos ambientais, além de promover a resistência de bactérias e prejudicar o sistema imunológico.
Não é de hoje que pesquisas atestam que a defesa imunológica é estimulada pelo contato com micro-organismos. Algumas evidências científicas comprovam que crianças que vivem em ambientes muito limpos desenvolvem mais alergias, por exemplo.
É o que mostrou um estudo realizado recentemente pela Escola de Saúde Pública da Universidade do Michigan. Segundo ele, jovens que são superexpostos a sabonetes antibacterianos com triclosan podem sofrer mais com alergias.
O uso do triclosan é autorizado no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O componente pode ser adicionado, em quantidades pequenas, a produtos cosméticos e de higiene pessoal, na proporção de 0,3%. Essa porcentagem, segundo a Anvisa, está dentro das concentrações estabelecidas como limite de segurança.
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