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Especialistas divergem sobre quantidade máxima de cafeína que se pode ingerir

Por Carla Prates

Especial para o UOL Ciência e Saúde

05/03/2011 07h00

De acordo com o cardiologista e especialista em medicina do esporte Luciano Vacanti, pesquisas indicam que indivíduos saudáveis e que não possuem sensibilidade à cafeína devem consumir no máximo 400 mg da substância ao dia no caso dos homens (o equivalente a 6 mg por quilo) e 300 mg no caso das mulheres (4,6 mg por quilo). “Estas são as quantidades máximas diárias, lembrando que outros alimentos também têm cafeína”, esclarece o médico.

Vacanti também explica que, de acordo com estudos clínicos, doses de até 500 mg de cafeína (um pouco mais de 6 doses de café ou energéticos) não são suficientes para afetar a frequência e nem a gravidade das arritmias. Contudo, esse limite varia muito dependendo da predisposição a problemas cardíacos e da sensibilidade à cafeína de cada indivíduo.

Já a nutricionista Patricia Rebelo e o médico Anthony Wong, chefe do Centro de Atendimento Toxicológico (Ceatox) do Hospital das Clínicas (SP) são mais rígidos em relação às quantidades. Segundo ela, o limite de cafeína por pessoa é de 2,5 a 4 mg por quilo. Para Wong, o nível de intoxicação é de 2,5 mg por quilo; “acima disso já se torna tóxico para o organismo”.

Patricia completa dizendo que estudos já relacionam a ingestão de mais de 600 mg a sintomas como taquicardia, dores de cabeça e de estômago, insônia, perda de apetite, náuseas, entre outros problemas.

Como a substância age

A cafeína possui mecanismos que podem levar a alterações metabólicas e fisiológicas, segundo Vacanti. No entanto, seus efeitos ainda são controversos. Muitos dos experimentos foram realizados em laboratórios e em animais, com doses que seriam muito altas e perigosas para os seres humanos. Nestas condições, ela contribuiria para a elevação do catabolismo de lipídios nos músculos em atividade, ou seja, aumentaria a "queima de gorduras" e também a força da contração muscular.

Quanto ao cérebro, a cafeína pode potencializar o estado de alerta e a atenção, devido à função estimulante do sistema nervoso central. A cafeína bloqueia os receptores de adenosina (cuja ligação aos receptores cérebro causa sonolência e dilatação dos vasos sanguíneos) presentes no tecido nervoso, particularmente no cérebro, mantendo o estado de excitação. Através desse mecanismo, a cafeína melhoraria a capacidade de esforço físico e mental, antes do aparecimento da fadiga. É importante ressaltar que todos esses efeitos dependem da sensibilidade e da resposta individual.