Topo

Pizza brasileira é salgada e gordurosa demais, diz Instituto de defesa do consumidor

Do UOL Ciência e Saúde

Em São Paulo

30/05/2011 07h00

As pizzas vendidas no Brasil apresentam quantidades elevadas de sódio e gorduras saturadas, aponta o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). O instituto pesquisou cinco marcas: Pizza Hut, Domino’s, Sadia, Perdigão e Dr. Oetker em 17 sabores diferentes.

Foram analisadas 433 pizzas e o resultado não é nada animador. O Idec constatou que nenhuma das pizzas analisadas tem limites considerados saudáveis de sódio e gordura. O maior teor de sódio foi encontrado na pizza de calabresa da Domino`s (1.098 mg por porção).

Já em relação às gorduras saturadas, a campeã foi a de quatro queijos da Sadia (5,8 g por porção). Por outro lado, a marguerita da Domino`s e a marguerita da Perdigão apresentaram a quantidade mais baixa de gorduras (2 g), e a de mozarela da Domino`s é a que possui menos sódio (192 mg).

Entre os quatro sabores principais (calabresa, mozarela, quatro queijos e marguerita), as de calabresa são as que mais excedem o teor de sódio - todas receberam pontuação máxima, com exceção da Dr. Oetker, que apresenta 421 mg. Já quando o assunto são as gorduras, as de mozarela são as menos saudáveis. O único sabor que não apresenta nenhuma classificação vermelha é a marguerita.

Já por marcas, a Domino's apresenta os maiores índices gerais de sódio e gordura, sendo que a pizza Imperium Giga tem em 1 fatia de 214g,
609 calorias, 18g de gordura (ou 81% da necessidade diária) e 2001mg de sódio (83% do indicado),

Das sete pizzas analisadas da Sadia, 4 estavam com quantidade excessiva. Das 12 da Perdigão, 9 levaram cartão vermelho. Já das seis pizzas da Dr. Oetker só a de peperoni possuiu altos índices de sódio, mas ainda assim bem menor do que das outras marcas. 

Veja todos os resultados

A pesquisa também verificou que as informações nutricionais não são apresentadas na embalagem de maneira clara para os consumidores. Essa constatação aponta a necessidade de revisão da legislação que regulamenta a rotulagem nutricional dos produtos comercializados no Brasil e também de ampliação dos programas de fiscalização.

Pesquisa foi feita em diversos países

Numa tentativa de alertar as pessoas a respeito do alto consumo de sódio, a World Action on Salt and Health (Wash) - grupo constituído por profissionais de 81 países com o objetivo de melhorar a saúde da população a partir da redução do consumo de sal - analisou 530 tipos de pizzas disponíveis em cadeias de fast-food e em supermercados de dez países: África do Sul, Austrália, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos, Finlândia, Japão, Malásia, Nova Zelândia e Reino Unido.

A pesquisa da Wash constatou que produtos do mesmo sabor e de uma mesma rede podem apresentar diferenças na quantidade de sal em países distintos. A havaiana da Pizza Hut (pizza de abacaxi com presunto) na Nova Zelândia, por exemplo, contém o dobro de sal que a comercializada no Canadá.

Mesmo assim, nenhuma pizza avaliada se enquadrou na classificação verde do Traffic Light Labelling (Semáforo Nutricional) da Food Standards Agency (departamento governamental do Reino Unido), que visa a proteção da saúde e dos interesses do consumidor relacionados à alimentação.

O método consiste na utilização das cores do semáforo para informar os teores de açúcares, gorduras saturadas e sódio existentes nos produtos, facilitando, assim, o reconhecimento de alimentos ricos nesses nutrientes (vermelho), aqueles que merecem atenção (amarelo) e os que apresentam quantidades que atendem às recomendações estabelecidas (verde).
A pesquisa do Idec usou o mesmo padrão.

O limite entre o saudável e o perigoso

É importante frisar que alimentos ricos em gorduras e sódio não precisam ser excluídos completamente da alimentação, mas devem ser consumidos esporadicamente e com moderação.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas as doenças cardiovasculares (enfartes, cardiopatias, derrames cerebrais, entre outros) - muitas vezes resultantes do consumo exagerado de sal - provocam anualmente cerca de 17 milhões de mortes no mundo, ocupando a primeira posição na lista de problemas de saúde que mais matam. No Brasil, seriam 300 mil mortes, sendo que 80% delas seriam causadas pela hipertensão arterial.