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Remédios, bombas, cirurgia... como (não) funcionam os milagres do aumento peniano

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Márcia Moreno

Especial para o UOL Ciência e Saúde<br>Em São Paulo

15/09/2011 06h00

Uma busca na internet aponta diversas promessas tratamentos de aumento de pênis. Nenhum, porém, é reconhecido pela medicina. O que os médicos e a Sociedade Brasileira de Urologia indicam é que os pacientes com dúvidas sobre o tamanho do seu pênis devem procurar profissional qualificado, que avaliará a situação, podendo ser necessária uma opinião multidisciplinar com sexólogo ou psicólogo.

Mas muitos homens recorrem a medicamentos via oral. Mas se enganam e o pior: podem ter diversos tipos de complicações. “Estes remédios têm testosterona como uma das bases e pode dar efeitos secundários se utilizados por muito tempo, como problemas no fígado, atrofiamento testicular, parada de produção de espermatozoide etc.”, diz Geraldo Faria, urologista e presidente da Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual.

Os dispositivos que garantem aumento de pênis, como aparelhos à vácuo, aparelhos de tração mecânica, aparelhos de estimulação eletromagnética e pesos, também não funcionam. “Podem causar ferimentos graves. E imagine como deve ser desconfortável andar com um dispositivo amarrado ao pênis por um dia inteiro. Do ponto de vista prático, é impossível”, afirma Lopes.

As cirurgias também não são recomendadas, uma vez que não estão comprovadas cientificamente na medicina. “Temos tido resultados desastrosos”, conta Faria. “Já recebi casos graves, até de perda de pênis”, conta Araújo, que recebe vários garotos no consultório com a “SPP” (Síndrome do Pênis Pequeno).

“O assunto é muito sério e termos de ter cuidado com os pacientes, que sem dúvida precisam de tratamento, mas não do pênis. Do ponto de vista médico não há nenhuma técnica cirúrgica que permita o aumento do pênis, tanto em comprimento quanto em largura”, diz Faria.

Existem técnicas para fazer com que o pênis pareça maior, como retirar a gordura da área pubiana e outros procedimentos estéticos. Mas é preciso tomar muito cuidado com o que se aceita nos consultórios. “Não há milagre. Há pesquisas sendo realizadas no mundo inteiro para ver se há alguma solução, mas até agora nada”, afirma o presidente da Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual.

MÉTODOS QUE PROMETEM O AUMENTO PENIANO

Medicamentos via oral e injetáveisRemédios só funcionam na fase infantil. Se um uropediatra detectar que o menino tem micro-pênis, poderá fazer uso de medicamentos, e apenas entre 5 e 7 anos de idade. Na fase adulta, não há como reverter o quadro. Os pacientes que se sujeitam a tomar remédios podem ter complicações sérias de saúde
Cirurgias para aumentar o pênisAté hoje não há comprovação científica para cirurgia ou qualquer intervenção com objetivo de aumento peniano. Os resultados são duvidosos
Uso de aplicações de metacrilato ou gel russo (feito à base de ácido hialurônico)Tratamento perigoso e pode trazer resultados desastrosos, como cicatrizes e deformações no pênis. O homem pode ter dores locais, dificuldades nas relações sexuais e ardência. Há risco de gangrena e necrose na região, se for injetada no corpo cavernoso
ColágenoO uso de colágeno pode causar deformações
Extensores e bombas penianasVendidos pela internet e sex-shops, estes aparelhos submetem o pênis a tração contínua. Não há nenhum estudo que comprove o funcionamento. O homem que fizer uso destes dispositivos pode ter sérias complicações no pênis
Manuais de exercíciosNão há nenhum exercício ou uso de pesos no pênis que ajudem a aumentar o tamanho. Pelo contrário, quem faz uso pode se machucar seriamente

No Brasil, os procedimentos para aumentar o tamanho ou volume do pênis são experimentais. Mesmo assim, Fernando (nome fictício) ignorou a palavra de um médico e aceitou o que outro prometeu: 3 centímetros  a mais com uma operação.

Ele se submeteu a cirurgia do ligamento suspensor. Nesta operação, o cirurgião solta um ligamento que existe que une o pênis ao púbis. Essa estrutura, ao ser cortada, faz com que o genital ganhe poucos centímetros – mas em estado flácido. “Não deu um resultado satisfatório, já que depois de um tempo, foi reversível”, afirmou.

Depois disso, Fernando também teve de recorrer à terapia para aceitar o tamanho do pênis. Atualmente o advogado tem 28 anos, é casado e tem um filho. “Para chegar aqui foi um custo. A minha família é prova de que venci a luta contra meu próprio preconceito”, confessa.

Fernando acredita que tem o pênis pequeno, apesar de ser considerado normal para os médicos. “Quando ereto, tem 12 centímetros. Mas descobri que o que faz a diferença é minha performance e não o tamanho do meu pênis”, disse.