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Cientistas anunciam estar perto do bóson de Higgs, a "partícula de Deus"

Do UOL Ciência e Saúde*

Em São Paulo

13/12/2011 12h52

Os físicos que buscam o misterioso bóson de Higgs acreditam ter localizado o lugar onde se esconde o elemento que falta ao quebra-cabeças das partículas elementares, anunciaram nesta terça-feira (13), em Genebra, os pesquisadores do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern).

"Ainda é muito cedo para tirar conclusões definitivas. Precisamos de mais dados, mas estabelecemos sólidas fundações para os apaixonantes meses pela frente", declarou Fabiola Gianotti, chefe da experiência Atlas no Grande Colisor de Hádrons (LHC), em um seminário do Cern, transmitido pela internet.

Duas experiências separadas - o Atlas e o CMS - têm feito buscas independentes pelo  bóson de Higgs com aceleradores de partículas como o LHC. No seminário, os chefes do Atlas e do CMS afirmaram ter encontrado "picos" em uma mesma massa: de 124 a 125 giga elétron-volts (GeV). Ou seja, este é provavelmente o endereço do tesouro que os cientistas tanto buscam.

O bóson de Higgs é uma partícula ainda hipotética, fundamental para entender a construção do universo. Ele também é considerado o pedaço que falta na principal teoria conhecida como Modelo Padrão - que descreve como partículas e forças interagem.

Segundo essa tese, o universo foi resfriado após o Big Bang, quando uma força invisível, conhecida como Campo de Higgs, formou-se junto de partículas associadas, os Bósons de Higgs, transferindo massa para outras partículas fundamentais.

O físico britânico Peter Higgs postulou em 1964 a existência dessa partícula que leva seu nome.

Cautela

Essa investigação requer a produção de um grande número de eventos para se ter certeza de que a descoberta foi realmente feita. Segundo estimativas, essa certeza só virá no final do ano que vem, quando serão coletados dados suficientes.

"Para mim esses resultados são particularmente importantes porque eu talvez tenha sido a primeira pessoa no Brasil a publicar um artigo sobre o bóson de Higgs há 30 anos atrás, aliás aprimorando os cálculos do mesmo  processo que estaria hoje produzindo essa partícula no LHC, a chamada fusão de glúons", afirmou Sérgio Novaes, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e pesquisador principal do projeto Sprace, financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

"No entanto, temos que manter uma posição cautelosa. Os resultados são muito encorajadores mas não conclusivos. Teremos que esperar mais um ano de tomada de dados para, aí sim, chegarmos a um resultado definitivo", comentou.

* Com informações das agências internacionais