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Pesquisadores criam ferramenta para prever risco de efeito colateral após cirurgia de câncer de mama

Do UOL

Em São Paulo

07/02/2012 19h23

Pesquisadores criaram um conjunto de modelos estatísticos que permite prever, com grande precisão, o risco de desenvolvimento de linfedema, ao longo de cinco anos, após a remoção de gânglios linfáticos, durante a cirurgia de câncer de mama. Trata-se de uma complicação que pode ocorrer quando a operação inclui a retirada de linfonodos auxiliares (embaixo do braço).

Os achados têm importantes implicações, uma vez que, atualmente, é difícil predizer quais pacientes com câncer de mama desenvolverão este efeito colateral cirúrgico. Trata-se de uma condição crônica e incapacitante, que afeta cerca de um terço das pacientes submetidas à cirurgia de esvaziamento axilar – aproximadamente 4 milhões de pacientes em todo o mundo. 

A pesquisa, liderada pelo mastologista José Luiz B. Bevilacqua, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, foi realizada como trabalho de pós-doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Foram estudadas 1.054 mulheres com câncer de mama, submetidas à dissecção axilar entre 2001 e 2002, no Instituto Nacional do Câncer (Inca). A incidência geral de linfedema em cinco anos no grupo foi de 30,3%.

Foram utilizados diversos fatores clínicos, entre os quais idade, índice de massa corporal, infusões ipsilaterais (no mesmo lado do corpo) de quimioterapia no braço, grau de dissecção axilar, localização da área irradiada, desenvolvimento de seroma pós-operatório (acúmulo de líquido), infecção e edema precoce (inchaço). Os pesquisadores desenvolveram três modelos e nomogramas (representação gráfica de um modelo matemático) para predizer o risco de desenvolvimento de linfedema em diferentes épocas, após a cirurgia.

Os pesquisadores acreditam que o modelo é o primeiro a predizer o risco de linfedema e pretendem continuar desenvolvendo modelos futuros, ainda mais precisos.

O linfedema é caracterizado por um inchaço anormal após a cirurgia de mama ou melanoma, com retirada dos linfonodos da região da axila em casos de tumores malignos. Essa situação não tem cura e, geralmente, é indolor.

O acúmulo do fluido linfático, que causa o edema, gera uma sensação crônica de peso no membro afetado (no caso do câncer de mama, sempre os superiores) e o tratamento consiste em fisioterapia especializada.

Os modelos encontram-se disponíveis online gratuitamente: uma ferramenta para cálculo de volume de braço (www.armvolume.com) e do risco de linfedema (www.lymphedemarisk.com).