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Via Láctea está cercada por gás quente

Concepção artística mostra a Via Láctea cercada por gás - o raio tem 300 mil anos-luz, mas astrônomos não descartam que o halo pode ser maior - NASA/CXC/M.Weiss; NASA/CXC/Ohio State/A.Gupta et al
Concepção artística mostra a Via Láctea cercada por gás - o raio tem 300 mil anos-luz, mas astrônomos não descartam que o halo pode ser maior Imagem: NASA/CXC/M.Weiss; NASA/CXC/Ohio State/A.Gupta et al

Do UOL

Em São Paulo

25/09/2012 11h54

Astrônomos usaram o observatório de raios X Chandra, da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), para buscar evidências de que nossa Via Láctea é cercada por um halo gigante de gás quente, que pode chegar a ter raio de 300 mil anos-luz. Segundo estimativa dos pesquisadores, a massa dessa área gasosa pode ser comparada à da soma das massas de todas as estrelas da nossa galáxia. Se esses dados forem comprovados, eles podem servir como explicação para um problema conhecido como “bárions perdidos da galáxia”.

Bárions são partículas, assim como prótons e nêutrons, que compõem mais de 99,9% de toda a massa de átomos existente no universo. Medidas feitas em halos de gás e galáxias indicaram que a matéria bariônica presente no começo universo representava cerca de um sexto da massa e da densidade da matéria escura – matéria que só interage gravitacionalmente e que não é observável no cosmos, ao contrário das estrelas e das galáxias. Cerca de 10 bilhões de anos depois, um censo feito com as estrelas e os gases da Via Láctea e de galáxias vizinhas apontam que pelo menos metade dos bárions estão desaparecidos. 

A pesquisa liderada por Anjali Gupta, da Ohio State University, nos Estados Unidos, sugere que os bárions desaparecidos da Via Láctea estão, na verdade, escondidos nesse halo de gás quente que envolve a nossa galáxia. Como a densidade dessa área é pequena, os astrônomos não conseguiam encontrá-la antes.

Gás quente

Estudos recentes indicam que a Via Láctea e suas vizinhas estão envoltas em gases com temperaturas que variam entre 100 mil e 1 milhão de graus Celsius, aproximadamente. O novo estudo sugere que o halo em torno da Via Láctea pode ter até 2,5 milhões de graus Celsius – centenas de vezes mais quente do que a superfície do Sol.

"Sabemos que o gás está em volta da nossa galáxia e como ele é quente", escreveu Gupta no artigo publicado no Astrophysical Journal. "A grande questão é: quão grande e qual é a massa desse halo?”

Os cientistas estimam que a massa de gás do halo pode ser equivalente à massa de mais de 10 bilhões de vezes a do Sol. E pode ser ainda maior, chegando a 60 bilhões de vezes a do astro. Ainda há incerteza, pois para calcular a massa desse gás quente é preciso saber, também, a quantidade de oxigénio em relação ao hidrogênio, que é o elemento dominante no gás.