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Em teste online sobre preconceito, 70% se mostram racistas

Kelly Cristina Spinelli

Do UOL, Em São Paulo

05/02/2013 06h00

Um interessante – e já clássico – teste de preconceito desenvolvido pela Universidade de Washington a partir de 1988, explica como as ideias preconceituosas estão interiorizadas no inconsciente humano, independentemente de como elas surgem. Chama-se IAT, sigla inglesa para Teste de Associação Implícita. Na pesquisa mais recente, 70% das pessoas mostraram-se inclinadas aos brancos – incluindo pessoas negras e pessoas que se declaram não preconceituosas.

O teste é simples: responde-se a uma série de perguntas diretas e depois a um jogo de imagens e palavras. É tudo online, grátis e não é necessário se identificar, basta saber falar inglês. O teste encontra preconceitos de diversos tipos - de gênero, religião e até peso – que estão no inconsciente, baseando-se na premissa de que nosso discurso sobre nós mesmos não é retrato fiel da realidade.

Ou seja: suponhamos que uma pessoa fume quatro maços de cigarro por dia. Ela pode dizer que fuma apenas dois quando perguntada, porque tem vergonha de fumar quatro, ou porque quer acreditar que fume apenas dois. As associações que fazemos no jogo podem mostrar melhor o que está gravado no nosso cérebro, por trás do nosso discurso.

O teste atualmente em evidência no site do IAT (ou “featured test”) é o que mede níveis de preconceito racial – apesar de vários outros estarem também disponíveis.  Pede-se para associar, por exemplo, fotos de pessoas brancas, negras, latinas ou asiáticas com palavras como “bom”, “maravilhoso”, ou “feio” e “temível” o mais rápido possível. O sujeito tem de associar boas palavras com pessoas negras e más palavras com pessoas brancas e vice-versa.  Se a ideia de que uma pessoa “negra” pode ser “boa” for confusa para o seu cérebro, você vai demorar a responder o teste porque tem de reorganizar mentalmente essa informação. 

Os resultados têm deixado todo mundo de queixo caído há décadas. O IAT mostra que o combate ao racismo tem de passar por uma forte promoção de uma cultura antirracista e uma boa dose de autocontrole, para reprogramar os preconceitos que foram parar no inconsciente.