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Meteoro na Rússia gera interesse e mais relatos de bolas de fogo no céu, dizem astrônomos

Do UOL, em São Paulo

19/02/2013 18h50

O meteoro que explodiu na sexta-feira passada (15) causou uma violenta onda de choque na região dos Montes Urais, na Rússia, e bastante alvoroço ao redor do globo.

Além da passagem de “raspão” do asteroide 2012 DA 14 a menos de 30 mil quilômetros da Terra, casos de bola de fogo foram reportados em Cuba – moradores da província de Cienfuegos dizem ter visto a queda e a explosão de um corpo celeste na última quarta-feira (13) –, nos Estados Unidos  – em que um meteoro "esporádico" cruzou o céu da Califórnia, na sexta-feira (15)  – e até no Rio de Janeiro –  o feixe luminoso que pipocou no You Tube a partir da tarde de domingo (17), no entanto, não foi registrado como um objeto vindo do espaço por observatórios nacionais e pode ter sido confundido com o rastro de fumaça de um avião.

Os astrônomos não têm dúvida em afirmar que os fenômenos com datas tão próximas não passam de coincidência e que são fruto do impacto social do acidente: mais de mil pessoas ficaram feridas na cidade russa de Tcheliabinsk. Mas nem todos os corpos que se chocam com a Terra resistem à pressão da atmosfera e muitos deles se desintegram antes de cair em solo, dificultando que sejam descobertos.

"Foi a primeira vez que houve muitos feridos, por isso o interesse repentino no assunto [para registrar meteoros] ", resume Daniela Lazzaro, pesquisadora titular do Observatório Nacional, ligado ao MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação). "Mas as pessoas se machucaram com os efeitos da onda de choque, que estilhaçou vidros e danificou prédios, e não com o impacto."

O diretor do Planetário de São Paulo, no parque Ibirapuera, João Paulo Delicato, lembra que muitos meteoros ocorrem em lugares inabitados do planeta, sem que ao menos as pessoas os descubram, o que descarta necessariamente qualquer relação da chegada de um corpo com outros fenômenos no mesmo período.

"Se as bolas de fogos vistas em outros países tivessem acontecido em uma ocasião diferente e nem tão próximas [da data] do meteoro da Rússia, talvez ninguém tivesse falado deles. A astronomia passa por fases em que fica mais ou menos ‘famosa’, é uma onda natural de interesse das pessoas."

Além disso, Daniela explica que, mesmo se alguns desses objetos tivessem se fragmentado e deixado um trilha de sujeira no espaço, seus pedaços não iriam cair em lugares tão distantes um dos outros, como mostram os diferentes registros da semana passada. Todos os fragmentos iriam seguir a trajetória do corpo principal e cair no mesmo local. 

"Eu sempre digo que não é só a Terra que é violenta: o espaço também é um lugar extremamente violento", brinca a pesquisadora. "Vários planetas e satélites do Sistema Solar têm crateras, o que indica que foram atingidos por objetos cósmicos. Aquilo é um registro da colisão do passado."