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Cientistas acham no Brasil maior pterossauro do hemisfério Sul

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/03/2013 11h52

O fóssil do mair pterossauro  que sobrevoou os céus do continente americano há 110 milhões de anos foi encontrado no Brasil, como informam os pesquisadores do  Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), nesta quarta-feira (20). Este é o mais importante réptil voador pré-histórico encontrado no hemisfério Sul.

O Tropeognathus (nome científico) é da família dos Anhanguerideos e do gênero dos pterossauros. O animal de 8,5 metros de comprimento (medido pela asa) é o fóssil mais completo já encontrado -- teve quase todo o esqueleto preservado, inclusive o crânio, segundo os cientistas.

“Este é o réptil voador pré-histórico mais importante encontrado no Brasil e o maior descoberto no hemisfério Sul.  O aspecto mais interessante da pesquisa é a descoberta do gigantismo desses dinossauros que viveram há mais tempo do que imaginávamos e sobrevoaram os céus brasileiros”, anunciou o pesquisador Alex Kellner, do Museu Nacional da UFRJ, um dos descobridores dos fósseis.

“Em termos de pterossauros, o Brasil se destaca e tem tido uma grande contribuição nesses últimos anos. Os ossos desses animais são extremamente finos, com espessura de até 2 milímetros. Isso já dá uma ideia da dificuldade de preservar esse animal”, explicou Kellner.

A descoberta foi feita na Chapada do Araripe, no Nordeste brasileiro, entre os Estados do Ceará, de Pernambuco e do Piauí. A bacia do Araripe reúne alguns dos mais importantes depósitos de fósseis paleontológicos do mundo.

A pesquisa investigou três exemplares diferentes de pterossauros descobertos na Chapada do Araripe: o primeiro deles é formado por uma asa de uma animal jovem que tinha mais de cinco metros. O segundo fragmento descoberto foi o osso do braço (úmero) e o terceiro exemplar paleontológico encontrado é um animal com quase todo o esqueleto preservado incluindo o crânio. Segundo os pesquisadores, apesar de muitos ossos estarem quebrados, foi possível a sua reconstituição.

O estudo da UFRJ, que foi realizado em parceria com a Universidade Regional do Cariri e com o Museu de Ciências da Terra, envolveu uma equipe de dez cientistas e levou cerca de dez anos para ser concluída. É que a descoberta do primeiro exemplar foi há dez anos, enquanto o último exemplar do fóssil do pterossauro foi encontrado em 2011. O esqueleto levou um ano e meio para ser montado no laboratório do Museu Nacional da Universidade. A pesquisa teve o financiamento da Faperj de R$ 100 mil e é tida como um estudo de médio porte. 

Faltam recursos para pesquisa no Brasil

Segundo o diretor do Museu Ciências da Terra, Diógenes Campos, existe no Brasil um patrimônio paleontológico importante que está sendo preservado e está ajudando a compreender e a constituir o mundo no passado.

A Chapada do Araripe é especialmente um grande depósito de fósseis ainda desconhecidos. Com 900 m de altitude a Chapada no nordeste brasileiro é uma meseta que já foi num passado geológico um mar e tem dimensões de 200 quilômetros por 50 quilômetros.

“Lá já encontramos fósseis de dinossauros, tartarugas, sapos, inúmeras espécies de peixes e plantas. Há ainda muitos fósseis para serem descobertos, haverá muito trabalho para várias gerações de pesquisadores e paleontólogos”, enfatizou Campos.

No entanto, a área da paleontologia carece de recursos no Brasil e os projetos sempre dependem de financiamento de agências de fomento públicas. “Precisamos de recursos, equipes capacitadas e equipamentos. Essa pesquisa é considerada de médio porte”, avaliou.

Segundo Campos, seria necessário cerca de R$ 20 milhões por ano em investimentos para impulsionar a paleontologia no Brasil e avançar nas pesquisas.

Além da Chapada do Araripe, local onde há concentração destes fósseis de pterossauros, exemplares de animais voadores também foram encontrados em países como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e China.