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Livro usa a ciência para explicar os poderes de super-heróis e vilões

Ingrid Tavares

Do UOL, em São Paulo

22/04/2013 06h00

É um pássaro ou um avião? Não, é a força da gravidade! Quando surgiu em 1938, o Super-Homem veio com uma força sobre-humana, era dono de um traje colorido e um cabelo impecável, mas o bom moço ainda não sabia voar. Nas 13 páginas de sua primeira história, ele conseguia, apenas, saltar os arranha-céus com um único impulso.

Clark Kent e a física viveram assim, em paz, por alguns anos, até que a audiência falou mais alto. Foi para aumentar o apelo do personagem e, principalmente, o das vendas de gibis que os autores da DC Comics incrementaram as habilidades do Super-Homem. Mesmo que fosse preciso abandonar a ciência dali em diante.

  • Reprodução/Stanford

    Fingir que é o Super-Homem fez voluntário ajudar mais as outras

"Sem dúvida, o poder de voar é um dos mais difíceis, dos mais improváveis [de acontecer]. Mas deve ficar claro que o Super-Homem, em suas primeiras aventuras, não voava, mas dava grandes saltos. E isso ocorria graças à diferença de gravidade entre o seu planeta, Kripton, e a Terra", explica ao UOL o jornalista Juan Scalliter, autor de A Ciência dos Superpoderes, lançamento da Cultrix (R$ 39,90). 

O argentino levou cerca de um ano investigando quais teorias e pesquisas científicas poderiam justificar os poderes de 60 super-heróis, vilões e anti-heróis, trazendo para a vida real o que só havia nas histórias em quadrinhos.

Ninguém pode sair voando como Super-Homem, lembra o jornalista científico, mas pode contar com membros artificiais guiados pelo pensamento, como faz Dr. Octopus, o inimigo do Homem Aranha; recuperar a mobilidade e aumentar a força com a ajuda de exoesqueletos, poder esbanjado pelo Homem de Ferro; e até criar um “super-humano” aos moldes do Capitão América, graças ao avanço das terapias gênicas.

"Estes poderes são apenas alguns exemplos [do que as pessoas podem ter]. E, se eles não estão disponíveis agora, é porque, muitas vezes, a ciência avança mais rápido do que a lei e, por vezes, até mais rápido do que a própria humanidade", defende Scaliter. "E isso é quando ocorrem os conflitos... e os vilões surgem", brinca ele.

O tom leve da brincadeira de ser super-herói por um dia – ou pela vida toda – não afasta a precisão do estudo científico. Para escrever as 266 páginas do livro, Scaliter entrevistou mais de 20 cientistas cujas pesquisas são destaques nos campos da física à astronomia, da medicina à biotecnologia. E ele não parou por aí, conversou até mesmo com campeões do esporte.

"Para o capítulo do Daredevil [Demolidor, da Marvel], eu falei com um campeão da Copa do Mundo de Futebol para Cegos que me contou as suas próprias experiências, de como ele conseguia ser guiado no campo somente através do som."