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Como o forno de micro-ondas consegue cozinhar a comida tão rápido?

Aparelho de micro-ondas: altas frequências  - Divulgação
Aparelho de micro-ondas: altas frequências Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

28/11/2022 04h00

O forno de micro-ondas é um destes pequenos "milagres" tecnológicos que, de tão comuns, já fazem parte da paisagem, em casa ou no trabalho. Ele é mais veloz e eficiente do que os fogões a gás no aquecimento e descongelamento rápido de alimentos. E a Física explica a ciência por trás da "mágica".

Os micro-ondas possuem uma válvula com nome de vilão de quadrinhos chamada magnetron. Ela é a responsável pela reação molecular que acontece no interior do forno quando ligamos o aparelho. As ondas eletromagnéticas de alta frequência, iguais às do rádio, com 2.450 megahertz (MHz) são ideais para agitar as moléculas de água presentes na comida.

Para acelerar o processo, um ventilador na parte de cima do forno espalha as ondas pelo seu interior, enquanto as paredes metálicas barram sua fuga e as devolvem para o centro, envolvendo o alimento. Nesse bate-e-volta, as moléculas de água vibram intensamente, inclusive as que estão no interior da comida, produzindo calor interno e cozinhando por igual.

Mitos e verdades

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Marmita tampada aquecida no micro-ondas
Imagem: Monkeybusinessimages/Getty Images/iStockphoto

Alguns tipos de vidro, plástico e porcelana não esquentam, mesmo depois de vários minutos dentro de um micro-ondas ligado. Isso acontece porque a composição destes materiais impede a penetração das ondas - suas moléculas estão dispostas de modo a não vibrarem.

Se o recipiente levado ao micro-ondas esquentar demais, significa que ele está puxando energia elétrica que deveria ir para o alimento, além de causar um pequeno aumento na conta de luz.

Existe uma teoria de que frutas verdes amadurecem depois de passarem alguns segundos no micro-ondas, mas isto é lenda. Na verdade, as frutas ficam mais moles porque passaram por um processo de cozimento, mas não de amadurecimento.

Perigos para a saúde

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É preciso tomar certos cuidados com o micro-ondas
Imagem: iStock

Apesar de o forno ter paredes de aço que evitam o vazamento das micro-ondas, elas podem sair pela porta. A tela que fica entre os vidros impede a saída da maioria das ondas (a malha metálica tem furinhos menores do que o comprimento das ondas), mas não evita que algumas invadam sua cozinha.

A exposição às micro-ondas podem provocar até cegueira. Como as ondas de alta frequência fazem as moléculas de H2O vibrarem, elas podem atingir o cristalino, as lentes naturais dos nossos olhos, onde existe muito líquido, e ressecá-lo, danificando a visão. Outros órgãos que são constituídos em sua maior parte de água, como o fígado e os rins, também podem sofrer danos. Além disso, crianças menores de 12 anos se arriscam a perder neurônios em formação se forem expostas a uma grande quantidade de ondas.

O ideal, após ligar o forno, é manter-se a uma distância mínima de 50 centímetros. Quando o forno desliga, o magnetron para de emitir ondas, e o ambiente volta a ficar seguro.

Para garantir a segurança do aparelho, o recomendável é levá-lo para revisão técnica a cada dois anos, para medir a taxa de vazamento da radiação e tomar as medidas necessárias. Uma delas é trocar uma borracha de proteção que fica dentro das portas e se desgasta com o tempo.

Como foi descoberto

O magnetron foi desenvolvido por um físico norte-americano para detectar aeronaves inimigas durante a Segunda Guerra Mundial. Uma década mais tarde, enquanto tentava aperfeiçoar radares, um engenheiro descobriu o potencial culinário desse gerador. Percy LeBaron Spencer notou que uma barra de chocolate derreteu no seu bolso enquanto ele trabalhava com um radar ativo.

Antes de patentear o eletrodoméstico, ele ainda repetiu o experimento com milho de pipoca e um ovo para uma plateia de amigos. O primeiro modelo de micro-ondas chegou ao mercado no fim da década de 1940 e foi um sucesso, apesar de medir 1,8 metro de altura, pesar mais de 300 quilos e custar cerca de US$ 5.000.

Fontes: José Cleber da Cunha Pinto, professor do Departamento de Engenharia de Sistemas eletrônicos da Escola Politécnica da USP, e Renata Leão, gerente da Engenharia de Serviços da Whirpool Latin America