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Por que o céu fica escuro à noite?

Cesar Manso/AFP
Imagem: Cesar Manso/AFP

De Tilt, em São Paulo

15/01/2022 04h00

O céu começa a ficar sombrio assim que o Sol desaparece no horizonte, no fim da tarde. Mas essa observação só é válida para quem está na Terra. Quando os astronautas deixam a órbita do nosso planeta, por exemplo, uma escuridão sem tamanho cerca os tripulantes a bordo do foguete espacial, mesmo de dia.

É que a atmosfera terrestre espalha os raios solares que tocam a superfície do globo direcionada para o astro.

Se o nosso mundo não tivesse essa "camada de proteção", assim como ocorre com a nave espacial, a Lua, outros planetas e até o Universo, o céu ficaria constantemente no escuro. Ou melhor, iria aparentar para você assim.

Mesmo o Universo abrigando cerca de 10 trilhões de estrelas, calculam os astrônomos baseados na medição do telescópio Hubble, nem todas estão "brilhando" para todas as direções.

Muitas não estão lá mais, tampouco.

Segundo medições do telescópio espacial Fermi, da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), as primeiras estrelas surgiram cerca de 400 milhões de anos depois do Big Bang, explosão que deu origem ao cosmos há mais de 13,7 bilhões de anos.

E como a luz desses corpos leva um tempo para viajar através do espaço, quando os cientistas apontam seus telescópios, eles correm o risco de não enxergar as estrelas, simplesmente porque elas ainda não evoluíram.

Ou seja, eles podem ter vasculhado um pedaço do céu muito longe, sem formação estelar.

Além disso, essas estrelas mais distantes se afastam de nós devido à expansão do Universo, como postula o efeito doppler —o mesmo fenômeno que explica o porquê de o som da sirene ficar mais fraco à medida que a ambulância se afasta do observador.

Isto significa que, quanto mais longe elas estão de nós, mais rápido elas se afastam, deixando a radiação cada vez mais "vermelha".

Ao ponto de deslocar a luz dessas pioneiras, assim como ocorre com a radiação cósmica que tomou o espaço com o Big Bang, para o infravermelho, espectro que não é visível aos olhos humanos —mas é para as lentes dos telescópios espaciais.

Por isso, apesar de o Universo não ser feito de trevas, ele mostra-se como uma escuridão sem fim para as pessoas.

Fonte: Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), ESA (Agência Espacial Europeia) e série MinutePhysics, do físico Henry Reich.