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Ativistas invadem aula de medicina que usava porcos em Campinas

Ativistas gravam vídeo em invasão de aula com porcos em Campinas - Reprodução/Youtube
Ativistas gravam vídeo em invasão de aula com porcos em Campinas Imagem: Reprodução/Youtube

24/10/2013 19h39

Um grupo de ativistas invadiu uma aula do curso de Medicina da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas na manhã de quarta-feira (23) para protestar contra o uso de animais. Na aula, realizada em um dos laboratórios da universidade, cinco porcos eram utilizados por um professor e cinco grupos de alunos para a aplicação da técnica de traqueostomia. O caso foi registrado na polícia pelo professor da disciplina. A polícia investigará o caso como ameaça.

Um grupo com dez ativistas entrou na universidade para protestar, mas somente dois deles conseguiram acesso à aula. Com celulares, eles registraram imagens dos porcos, sedados, sendo preparados para o procedimento. “Aqui é um porco que eles estão operando. O animal está vivo. Aqui são vários outros animais. Estão vendo, o pessoal da PUC está usando porcos”, disse um dos ativistas, ao gravar as imagens.

O professor responsável pela aula retirou os ativistas da sala e chamou a segurança. Apesar da ação, os manifestantes conseguiram fugir. O professor registrou boletim de ocorrência, mas a PUC informou que não revelaria o nome dele para preservá-lo. Já a Polícia Civil informou que o caso corre sob sigilo de Justiça e não forneceu maiores informações sobre o andamento das investigações, mas confirmou investigação.

Procedimento

A técnica de traqueostomia consiste em perfurar a garganta para permitir que o ar chegue aos pulmões quando há problemas no sistema respiratório. Utilizado especialmente em acidentes e casos de emergência, ela foi utilizada, entre outros casos, no tricampeão de fórmula 1 Ayrton Senna depois do acidente no qual perderia a vida, em Ímola, em 1994.

O professor da Faculdade de Medicina e diretor adjunto do Centro de Ciências da Vida da PUC-Campinas, José Gonzaga de Camargo, afirmou que o uso é imprescindível na formação dos médicos e ajuda a salvar vidas. “Os porcos têm anatomia muita próxima do ser humano, por isso ajudam a preparar os futuros médicos. O porco é, inclusive, um animal permitido para esse tipo de aula”, afirma.

Ele esclareceu ainda que os animais são utilizados para uma série de procedimentos e, depois das aulas, são mortos e descartados seguindo uma série de normas e procedimentos estipulados pelas autoridades.

Já o presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Animais, Flavio Lamas, acredita que a instituição poderia utilizar filmagens e mecanismos de simulação ao invés de utilizar os porcos nos procedimentos. “A ação serviu para mostrar que há possibilidade de reduzir o uso de animais. Eles podem fazer simulação. O uso de animal não é obrigatório”, afirmou.

A PUC já reduziu “ao mínimo” a quantidade de animais utilizados nas aulas e que só manteve o uso “em casos imprescindíveis”, no qual o procedimento de traqueostomia se encaixa e que segue as determinações do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. 

A universidade informou que está analisando as imagens do circuito interno de segurança na tentativa de identificar os manifestantes, mas que ainda não decidiu se tomará alguma medida contra os ativistas. “Estamos analisando isso em parceria com o nosso setor jurídico”, informou a assessoria de imprensa da instituição.