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Arqueólogos descobrem local onde Buda teria nascido no século 6 a.C.

Arqueólogo Robin Coningham (segundo da direita para esquerda)m da Universidade de Durham no Reino Unido, e o arqueólogo nepalês Kosh Prasad Acharya (direita) em escavação no Templo Mayadevi, no Nepal - AP/National Geographic, Ira Block
Arqueólogo Robin Coningham (segundo da direita para esquerda)m da Universidade de Durham no Reino Unido, e o arqueólogo nepalês Kosh Prasad Acharya (direita) em escavação no Templo Mayadevi, no Nepal Imagem: AP/National Geographic, Ira Block

Do UOL, em São Paulo

26/11/2013 14h02Atualizada em 19/12/2013 19h48

Evidências de uma estrutura de madeira desconhecida, escavada no local onde Buda nasceu, sugerem que o sábio pode ter nascido no século 6 a.C. e não no século 3 a.C., como se pensava.

O grupo internacional de arqueólogos descobriu os vestígios de uma estrutura de madeira, até agora desconhecida, "embaixo de um conjunto de templos de tijolo", todos com "um mesmo espaço central aberto", o que coincide com o relato do nascimento de Buda, destacou a Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Segundo a tradição budista, a rainha Maya Devi, mãe de Buda, deu à luz agarrada ao galho de uma árvore no Jardim de Lumbini, no meio caminho entre o reino de seus pais e o de seu marido.

Os vestígios encontrados "datam do século 6 antes de Cristo", e constituem portanto o primeiro material arqueológico que relaciona a vida de Buda e o nascimento do budismo com um período histórico concreto, afirmou a organização.

Alguns especialistas sustentavam que Buda havia nascido no século III antes de Cristo, explicou na nota o arqueólogo e professor da Universidade de Durham (no Reino Unido), Robin Coningham, que coordenou as escavações junto com o nepalês Kosh Prasad Acharya.

Coningham e seus companheiros de trabalho acreditam que o espaço aberto no centro do santuário de madeira mais antigo poderia ter abrigado uma árvore.

"Isto lança luz a um debate muito, muito antigo" sobre quando Buda nasceu e, por sua vez, quando a fé nascida de seus ensinamentos fincou raízes, explicou Coningham em teleconferência.

É amplamente aceito que Buda nasceu debaixo de uma árvore conhecida na Índia como shorea ('Shorea robusta') em Lumbini e sua mãe, a rainha Maya Devi, esposa do líder de um clã, estava viajando para o reino de seu pai onde daria à luz.

Mas muito do que se sabe sobre sua vida tem origem na tradição oral, com poucas evidências científicas para separar os fatos do mito.

Fragmentos de carvão vegetal e grãos de areia do lugar foram submetidos à datação por carbono 14 e por luminescência estimulada oticamente, para determinar a idade do santuário e da estrutura de tijolo sobreposta e enterrada até agora, explicou a Unesco.

A pesquisa foi financiada pelo governo do Japão em cooperação com o do Nepal e teve a participação das universidades britânicas de Durham e Stirling e do Fundo Mundial para a exploração da National Geographic Society, dos Estados Unidos.

Inscrito no Patrimônio Mundial em 1997 e visitado por centenas de milhares de peregrinos todo ano, o Jardim Sagrado de Lumbini foi identificado há muito tempo como o lugar do nascimento de Buda e era muito frequentado no primeiro milênio da era cristã, indicou a Unesco.

Abandonado e coberto pela vegetação local durante a Idade Média, seu "redescobrimento" aconteceu em 1896.

Foi possível checar o nome e determinar que trata-se realmente o lugar do nascimento de Buda graças a um pilar de arenito do século 3 a.C. que continha a informação em uma inscrição gravada durante a visita do imperador Asoka, explicou a Unesco.

Especialistas que publicarão o artigo na revista internacional "Antiquity" dizem que a sequência arqueológica formada pelos vestígios de Lumbini "é um microcosmos que permite que a evolução do budismo e sua transformação de culto localizado em religião mundial seja observada", acrescentou a Unesco.

Muito orgulhosa de a organização ter "participado desta importante descoberta, a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, pediu que mais trabalhos de pesquisa arqueológica sejam realizados para "intensificar a conservação e melhorar a gestão de Lumbini", com o objetivo de garantir sua proteção.

O ministro da Cultura, Turismo e Aviação Civil do Nepal, Ram Kumar Shrestha, declarou que seu governo "não poupará esforços para preservar este lugar tão importante".  (Com Efe e Afp)