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Atlântico era 2 vezes mais salgado há 100 milhões de anos, dizem cientistas

Mapa mostra localização da baia de Chesapeake, ao lado do Oceano Atlântico -  National Oceanic and Atmospheric Administration/Noaa
Mapa mostra localização da baia de Chesapeake, ao lado do Oceano Atlântico Imagem: National Oceanic and Atmospheric Administration/Noaa

Do UOL, em São Paulo

27/11/2013 06h00

A descoberta de um bolsão de água encontrado a cerca de mil metros de profundidade na região da Baía de Chesapeake, na Virgínia, nos Estados Unidos, permitiu a cientistas estimarem características do Oceano Atlântico entre 100 milhões e 150 milhões de anos atrás. A análise, publicada na revista de ciência Nature, mostrou que o Oceano Atlântico tinha água com duas vezes mais concentração de sal do que tem hoje.

Essa é a idade aproximada da água preservada nas profundezas do local, formado após o impacto de um grande meteorito 35 milhões de anos atrás.

Entre 65 milhões e 140 milhões de anos atrás ocorria o período Cretáceo, um tempo em que dinossauros ainda andavam sobre a Terra.

A associação do bolsão de água da Baía de Chesapeake com o período Cretáceo foi possível graças à identificação, em sua composição, de compostos químicos como cloreto e brometo.

A descoberta ocorreu durante obras de perfuração no local, feitas com o objetivo de estudar como a superfície da Terra absorveu o impacto que formou a baía.

O conhecimento advindo da análise da água deve ajudar a ciência a entender melhor a hidrologia dessa região do hemisfério Norte.

"Evidências anteriores sobre temperatura e níveis de salinidade de oceanos em épocas passadas ao redor do mundo eram estimadas indiretamente, com base na análise de sedimentos encontrados em suas profundezas", disse o pesquisador Ward Sanford, do Centro de Pesquisas em Geologia dos Estados Unidos, ao Washington Post.

"Nosso estudo, em contrapartida, encontrou água do mar que se manteve intacta em sua localização geográfica, permitindo a nós estimar diretamente sua idade e salinidade."

Mosquito no âmbar

Essa não é a primeira vez que geólogos encontram água ancestral nem é a água mais velha já achada no planeta, mas o bolsão de Chesapeake compreende a maior quantidade já encontrada de água datada de tempos longínquos.

Em material divulgado pelo órgão, técnicos compararam o estado de preservação da água a um "mosquito preservado em uma pedra de âmbar". "Foi um achado surpreendente, algo que não estávamos procurando nem ao menos esperando", afirmou Sanford ao jornal.