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Estudos apontam que feromônios do sexo oposto podem envelhecer e até matar

Do UOL, em São Paulo

28/11/2013 19h51

Há quem diga que sexo só faz bem à saúde. Se for no caso de vermes e moscas, entretanto, essa afirmação pode não valer.

Espécies desses dois animais foram tema de estudos recentes, compilados na mais nova edição do periódico científico Science.

As pesquisas mostram que a atividade sexual (seja consumada, apenas insinuada ou simplesmente ausente) faz mal às espécies, chegando a encurtar seu tempo de vida.

No primeiro estudo, o alvo da pesquisa foram vermes da espécie Caenorhabditis elegans. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, a fêmea de espécie vive menos na presença de machos com impulsos reprodutores —mesmo que a cópula nem chegue a ocorrer.

Para chegar à afirmação, cientistas dispuseram fêmeas do verme em recipientes com altas concentrações de machos do animal.

O estudo aponta que uma substância produzida pelas machos (possivelmente um feromônio) fez com que as fêmeas envelhecessem e morressem mais rápido do que outras fêmeas habitando um recipiente sem a presença de tantos machos.

Os autores da pesquisa sugerem que os machos do verme façam isso de forma consciente, para eliminar as fêmeas mais velhas e garantir sua reprodução com fêmeas de uma nova ninhada (ou, nota o estudo, simplesmente para impedir que outros machos realizem mais cópulas e reproduzam-se mais).

Sem sexo

Já o segundo estudo abordou a questão sexual no universo das moscas de fruta do grupo das Drosophilas.

O experimento mostrou que os machos desse tipo de mosca envelhecem mais rapidamente se não fazem sexo e ficam apenas "na vontade", sentindo os feromônios das fêmeas sem consumar o ato.

Para afirmar isso, os pesquisadores da Universidade do Michigan (EUA) juntaram machos de Drosophila com outros machos que produziam feromônios normais ou de fêmeas (alterados geneticamente). Assim, os machos não se reproduziam mas estavam sempre expostos a feromônios.

Isso permitiu aos pesquisadores observarem que machos de Drosophila exibiam prejuízos à saúde (como perda de gorduras essenciais e encurtamento de tempo de vida) quando experimentavam feromônios femininos sem se reproduzir.

De acordo com os cientistas, o estudo sugere que os feromônios femininos ativem áreas relacionadas ao recebimento de recompensas nos cérebros dos machos e que, como a recompensa sexual não é obtida, isso se reflita em prejuízos à saúde dos insetos.