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Andando nos trilhos: você sabe a diferença entre metrô, 'trem' e VLT?

Locomotiva puxa vagões de trem - Getty Images
Locomotiva puxa vagões de trem Imagem: Getty Images

De Tilt, em São Paulo

24/10/2022 04h00

É comum pensarmos que a única diferença entre "metrôs" e "trens" é que os primeiros circulam no subterrâneo e, os outros, na superfície. Mas... e os metrôs que circulam em cima da terra? E os VLTs? Na verdade, as diferenças entre estes modais de transporte são, basicamente, conceituais e tecnológicas.

Para começar, todos funcionam sobre trilhos e são "trens" — este é o nome do veículo ferroviário, que pode transportar pessoas ou cargas.

No Brasil, para os passageiros, temos trens do metrô (sistema metropolitano em algumas capitais), trens suburbanos (linhas intermunicipais, como a CPTM, em São Paulo), trens do VLT (veículo leve sobre trilhos em cidades populosas) e trens de longa distância (como a Estrada de Ferro Carajás e a Estrada de Ferro Vitória a Minas). Além disso, há uma malha ferroviária exclusiva para escoamento de produção.

Metrô

Os metrôs transportam apenas pessoas e, em geral, circulam no subsolo de centros urbanos, isolados de outras vias — uma maneira de ganhar espaço em um local populoso. O custo da obra de instalação de uma linha costuma ser alto — é preciso abrir túneis embaixo da terra, usar tatuzões e comprar os veículos. Mas o serviço oferecido ao usuário tem mais qualidade, conforto e rapidez.

Na maioria das cidades, o metrô funciona por eletricidade (em algumas, é abastecido por diesel), através de um terceiro trilho que o energiza com 750 volts de tensão e faz girar os motores. Todos os carros costumam ser motorizados, podendo atingir cerca de 100 km/h, e com frenagem mais eficiente.

Além disso, são usadas tecnologias para uma operação automatizada — o sistema para e acelera sozinho, abre e fecha as portas nas estações, controla o tempo entre os carros etc. O "maquinista" apenas supervisiona o processo e age em caso de emergência — na linha amarela de São Paulo, mais moderna, nem há condutor.

VLT

O VLT tem ganhado destaque nos últimos anos, sendo implantado em algumas áreas metropolitanas, como no Rio de Janeiro, em Recife e na Baixada Santista (São Paulo). São, basicamente, trens urbanos que circulam no nível da rua, em um corredor, como um ônibus.

Como o nome já diz, é mais "leve", com trens menores, que transportam menos passageiros, ocupam menos espaço e fazem menos barulho. É uma versão moderna dos antigos bondes, servindo distâncias menores dos centros das cidades. Por segurança do trânsito, sua velocidade média é de 20 km/h.

É um modal de baixo custo de instalação e "amigável" à paisagem e ao funcionamento urbano.

Trem

Os outros sistemas ferroviários costumam ser mais simples, utilizando sistema de reboque. Geralmente, a locomotiva, que vai na dianteira, puxa carros (que não têm tração) pelos trilhos. Em alguns, há dois carros motorizados, que garantem mais velocidade ao transporte — mas nada comparado ao metrô.

Os trens suburbanos de passageiros estão presente, principalmente, nas periferias e regiões metropolitanas, onde há mais espaço para construção de estações e instalação de trilhos — que também são utilizados para outras finalidades, como passagem de vagões de carga.

Os trens de carga têm tecnologia mais barata — o motor das locomotivas pode ser movido a óleo diesel ou à eletricidade —, e assim, fica menos dispendioso transportar produtos e matérias-primas.

É por isso que, se há espaço na superfície para a instalação de uma linha, a escolha natural é por este sistema. Se a densidade demográfica urbana é alta, melhor é colocar os vagões debaixo da terra e usar uma tecnologia mais avançada — o metrô.

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Estação Trianon-Masp do metrô, em São Paulo
Imagem: Rivaldo Gomes/Folhapress

Trens e metrôs em São Paulo

Na capital paulista, os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) são movidos a energia elétrica, assim como os do metrô. Mas oferecem serviços bem diferentes.

Os trens da CPTM são maiores que os do metrô. Transportam mais passageiros ao mesmo tempo, mas têm um tempo de espera também maior. A demora também ocorre porque as distâncias entre as estações, atravessando cidades e regiões periféricas, são maiores do que as do metrô, e em geral percorridas em velocidades mais baixas.

Em média, nas linhas do "trem", as pessoas viajam por mais de dois quilômetros para chegarem à próxima estação. No metrô, a distância entre as estações fica entre 500 metros e 1,5 km.

Fontes: Roberto Spinola Barbosa, professor da Escola Politécnica da USP, e assessoria de imprensa do Metrô de São Paulo (SP).