Macacos aprendem matemática e comparam números em estudo
Em quatro meses, macacos provaram ser capazes de somar dois números de um dígito e comparar o resultado a outro valor – embora nem sempre com precisão. O processo de aprendizagem dos macacos, e também os eventuais erros que eles comentem ao calcular, podem revelar mais sobre o comportamento do cérebro humano em relação à matemática.
Já era conhecida a capacidade dos macacos de reconhecer números e somar valores de dois algarismos. O novo experimento propôs um desafio adicional – comparar o resultado de uma soma a um valor inteiro – e assim revelou mais sobre o mecanismo de cálculo no cérebro dos mamíferos.
Três macacos-rhesus foram treinados com um jogo que lhes pedia para escolher entre símbolos de tamanhos diferentes; quando apontavam o maior deles, os macacos eram recompensados com quantidades maiores de água, refrigerante ou suco de maçã. No jogo seguinte, os macacos foram confrontados com algarismos arábicos e souberam apontar, por exemplo, que 6+8 é maior que 11. Mas eles não acertaram 100% dos testes com todas as combinações de números.
Os cientistas perceberam, por exemplo, que os erros foram mais frequentes quando a soma e o número inteiro eram semelhantes em valor – os macacos escolhiam, por exemplo, o número 13 e não 6+8 como o maior valor. “O que acontece quando os macacos erram a soma é que eles prestaram mais atenção no algarismo maior do que no algarismo menor, considerando apenas uma fração do número menor no resultado final”, explicou a neurobióloga Margaret Livingstone, da Harvard Medical School, em Boston, responsável pela pesquisa. Analisando os resultados de milhares de testes conduzidos ao longo de meses, Livingstone concluiu que os macacos tendem a subestimar o valor de um algarismo se este é adicionado a um número maior. O valor do mesmo algarismo é estimado corretamente se for somado a um número menor.
Essa conclusão contraria a principal teoria a respeito da representação numérica atualmente, que considera que o cérebro sempre subestima o valor dos números mais altos. “A pesquisa mostrou que é muito improvável que haja algum tipo de codificação logarítmica dos números, como se acreditava”, disse o psicólogo David Burr, da Universidade de Florença, na Itália, ao comentar os resultados da pesquisa em Harvard.
Novas pesquisas a respeito de como humanos e macacos estimam o valor dos números devem ajudar os cientistas a entender a discalculia, dificuldade que algumas crianças enfrentam para somar e estimar a quantidade de objetos em um grupo. “A habilidade de estimar com precisão tem um óbvio valor evolutivo; é importante saber quantos leões se aproximam para atacá-lo. O objetivo agora é desenvolver um modelo que explique como isso funciona no cérebro”, afirma Burr.
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