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Apenas 8,2% do DNA serve para algum propósito --o resto é lixo, diz estudo

Modelo de DNA: depois de 100 milhões de anos de evolução, apenas 8,2% é formada por DNA "útil", dizem cientistas - Mopic/Fotolia
Modelo de DNA: depois de 100 milhões de anos de evolução, apenas 8,2% é formada por DNA 'útil', dizem cientistas Imagem: Mopic/Fotolia

Do UOL, em São Paulo

25/07/2014 06h00

Apenas 8,2% do DNA humano tem um papel importante, revelou um estudo publicado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. O restante, dizem os pesquisadores sobre os outros 91,8%, pode ser considerado “DNA lixo”, que se não serve para muita coisa, também não atrapalha.

O estudo, publicado no “Journal PLOS Genetic”, utilizou uma abordagem computacional para comparar as sequências completas de DNA de vários mamíferos, desde camundongos, porquinhos da índia e coelhos até cães, cavalos e humanos.

Para chegar aos tais 8,2%, o grupo da Universidade de Oxford valeu-se da habilidade evolucional de discernir quais atividades dos genes tinham papel importante e quais eram irrelevantes, em mais de 100 milhões de anos de evolução mamífera.

“Ao longo da evolução dessas espécies a partir de seus ancestrais comuns, surgiram mutações naturais no DNA que tiveram sua contrapartida em mudanças no processo de seleção natural para manter as sequências úteis de DNA intactas”, afirma o dr. Gerton Lunter, do Centro para Genética Humana do Fundo Wellcome  na Universidade de Oxford, que também chefiou o estudo.

“Descobrimos que 8,2% do nosso genoma humano é funcional”, diz Lunter. “O restante do nosso genoma é sobra de material evolutivo, partes de genoma que passaram por perdas ou ganhos no código do DNA –geralmente chamada DNA ‘lixo’”.

“A nossa concepção geral é que todo DNA deve ter uma função importante. Na realidade, isso se aplica apenas a uma pequena parte”, diz o pesquisador Chris Rands, autor principal do estudo.

Um pouquinho mais de 1% do DNA humano é responsável pelas proteínas que carregam quase todos os processos biológicos críticos no corpo. Os outros 7%, acreditam os pesquisadores, estão envolvidos em ativar e desativar os genes que codificam as proteínas. São os elementos de regulação e controle.

Esse número é muito diferente do estudo publicado por cientistas envolvidos no projeto ENCODE (Enciclopédia dos Elementos do DNA), em 2012. Segundo o projeto, 80% do nosso genoma tem função bioquímica.

Determinar a quantidade de DNA “útil” é importante para os cientistas porque permitirá que eles determinem qual DNA é responsável por certa doença –acelerando o processo de novos tratamento e da cura.

De acordo com Chris Ponting, que participou da pesquisa da Universidade de Oxford, o fato de que os seres humanos possuem 2,2% de DNA em comum com camundongos não prova que as duas espécies sejam tão diferentes assim.

“Nós não somos tão especiais assim”, diz o cientista. “Nossa biologia fundamental é muito semelhante. Todo mamífero tem aproximadamente a mesma quantidade de DNA funcional, e quase a mesma distribuição de DNA funcional que é muito importante e menos importante. Falando do ponto de vista biológico, humanos são criaturas muito ordinárias no grande esquema da natureza.”