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Estudantes desenvolvem luva que "fala" para ajudar surdos e mudos

Os gestos feitos com as mãos são interpretados e enviados a um computador via Bluetooth - Divulgação/ITA
Os gestos feitos com as mãos são interpretados e enviados a um computador via Bluetooth Imagem: Divulgação/ITA

Daniel Leite

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

25/11/2014 09h52

Poderia ser apenas mais uma obrigação curricular a ser cumprida, mas a atividade fez com que alunos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos (SP), no Vale do Paraíba, desenvolvessem um equipamento inovador para surdos e mudos: a luva que "fala". 

A peça, pensada para ajudar pessoas com essas deficiências a se comunicar e interagir com quem não tem problemas auditivos ou de fala, funciona como um grande sensor de movimentos.

Os gestos feitos com as mãos são interpretados e enviados a um computador via Bluetooth. A máquina, então, compara os arquivos recebidos com sua base de dados e transforma-os em voz. Assim, todos os sinais manuais, independentemente da velocidade com que são feitos, transformam-se em palavras e frases.

Para desenvolver a luva, os estudantes foram aprender Libras, a linguagem brasileira de sinais, que alimenta a base de dados do computador. Por enquanto, o equipamento reconhece apenas estes movimentos específicos, mas o incremento é simples, segundo Luis Fernando Gonçalinho, um dos sete estudantes responsáveis pelo projeto, feito durante os cursos de engenharia da computação, eletrônica, aeroespacial e mecânica.

"Podemos criar novos gestos a todo momento e configurar a luva para interpretá-los. Como estamos em fase de teste, trabalhamos com movimentos específicos, mas a criação de novos gestos é bem simples". Ele ressalta, no entanto, com a linguagem dos sinais resolve bem a comunicação e não é necessário ir muito além.

Os alunos já montaram duas luvas, que agora estão em fase de novos estudos e aperfeiçoamento. A ideia é que as peças funcionem em dispositivos móveis, como smartphones, e que tenham um preço acessível. O valor de venda ainda não foi estimado.

"O objetivo é poder ajudar o máximo possível as pessoas, mas existem barreiras que precisamos superar. Por exemplo, o protótipo precisa sofrer alterações com relação a sua montagem. Queremos criar materiais próprios para nossas aplicações", conta Gonçalinho. Entre outras vantagens, isso reduziria o preço de venda, explica.

Motivados, os futuros engenheiros já estão apresentando o projeto a instituições de auxílio a pessoas com deficiência auditiva ou de fala para que os público-alvo avalie a eficiência da luva.

Os alunos dizem ter conhecimento de um protótipo parecido que teria sido feito na Ucrânia, mas não sabem se já virou um produto para a venda.