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Levar susto cura crise de soluço? E prender respiração? Pode virar doença?

Prender a respiração é uma boa técnica para curar uma crise de soluço - iStock
Prender a respiração é uma boa técnica para curar uma crise de soluço Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

02/11/2022 04h00

Está com soluço? Experimente levar um baita susto. Mas tem que ser um susto de verdade, daqueles totalmente inesperados, para funcionar. Por mais anedótico que pareça, esta técnica realmente é capaz de curar essas contrações involuntárias do diafragma, que podem durar dias e até mesmo ser indício de algum problema de saúde.

Um soluço acontece quando os músculos diafragma (entre o abdome e o tórax) e intercostais (entre as costelas) se contraem involuntariamente. Ao fazer isso, "puxam" os pulmões para baixo e provocam o fechamento da glote durante a inspiração. Isso gera aquele barulhinho característico que emitimos ao soluçar.

Uma crise de soluço pode começar de várias formas. A mais comum delas vem de uma respiração "errada". Por exemplo: quando choramos por vários minutos seguidos, estimulamos o diafragma em excesso, o que pode levar o músculo a se contrair involuntariamente. Vem daí a expressão "chorar de soluçar".

Bebidas alcoólicas também podem dar início a uma crise de soluços. Quando ingerido, o álcool é capaz de irritar um nervo conectado ao diafragma, o que é suficiente para criar um estímulo nervoso. Mudanças bruscas de temperatura, (como beber algo muito gelado depois de um alimento quente) e intoxicações por substâncias (como o álcool) também provocam crises.

Soluços ainda podem ser sintomas de doenças da caixa torácica ou do tubo digestivo (como refluxo), de estresse e ansiedade, bem como indicar problemas neurológicos ou psiquiátricos. E há as crises que os médicos simplesmente não conseguem identificar como começaram.

Qual o tratamento para o soluço?

Não existe uma cartilha da medicina que indique um procedimento padrão para o tratamento de crises de soluços. Mas os médicos sabem que várias receitinhas populares são, sim, eficazes:

  • susto (técnica muito comum em antigos desenhos animados)
  • beber água rapidamente
  • chupar um limão
  • prender a respiração por alguns segundos
  • chupar gelo

Algumas dessas manobras atuam no nervo que estimula o diafragma (como chupar limão); outras influem diretamente com a musculatura (prender a respiração).

É possível tentar todas essas manobras gradualmente, até o soluço passar. Também dá para combinar alguns procedimentos, como tapar o nariz com a mão e beber água ao mesmo tempo.

Se os soluços persistirem por muito tempo, é recomendável procurar um médico. Ele poderá receitar medicamentos para o tratamento de enjoos ou outros remédios que podem ajudar a interromper a crise.

ciencia - Fernanda Garcia/UOL VivaBem - Fernanda Garcia/UOL VivaBem
Soluços são causados por contrações involuntárias do diafragma
Imagem: Fernanda Garcia/UOL VivaBem

Existem três tipos de crises de soluço

Uma pessoa pode soluçar de quatro a 60 vezes por minuto —a frequência varia de acordo com o indivíduo. As crises mais comuns têm curta duração: ocorrem por apenas alguns minutos. São os soluços "episódicos".

Pessoas que soluçam por mais de dois dias seguidos entram no grupo dos "persistentes" e devem procurar um médico.

As origens podem ser diversas: desde um simples refluxo (subida dos ácidos do estômago para o esôfago) a doenças neurológicas (incluindo derrames e alzheimer), passando por estresse físico e até tumores.

Bem mais raros são os soluços "intratáveis", que podem durar mais de um mês. Mas crises superiores a dois dias já podem causar consequências para a saúde, como problemas de nutrição (por não conseguir comer), distúrbios do sono, inflamações no esôfago e arritmias cardíacas.

Em caso de crise persistente, o médico poderá solicitar uma série de exames e, a partir daí, indicar o medicamento mais adequado. Não existe um remédio que sirva exclusivamente ao tratamento do soluço: fórmulas usadas para tratar epilepsia, esquizofrenia, dores crônicas, doenças neurológicas e até anestésicos podem ser indicadas.

Na imensa maioria das vezes, no entanto, os soluços costumam sumir da mesma maneira como surgiram: de repente.

Nas situações em que não é possível encontrar uma causa, que são raras, é comum os médicos tentarem amenizar os sintomas com sedativos e relaxantes musculares.

Fonte: Roberto José Carvalho Filho, professor de gastroenterologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e Sidney Klajner, médico-cirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, especialista em gastroenterologia.