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Todo tsunami é uma onda gigante? Entenda a física por trás do fenômeno

Representação artística de um tsunami atingindo Nova York, nos EUA - jcrosemann/Getty Images
Representação artística de um tsunami atingindo Nova York, nos EUA Imagem: jcrosemann/Getty Images

De Tilt, em São Paulo

27/04/2022 04h00Atualizada em 04/05/2022 15h59

Todo tsunami é uma onda gigantesca —mas nem toda onda gigantesca é um tsunami. A partir de qual dimensão ela já pode ser classificada assim?

"Ela precisa ser gigante em comprimento de onda", explica o físico Fernando Lang da Silveira, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Isso significa que ela precisa ter um comprimento de onda de, no mínimo, 10 quilômetros, podendo atingir até 500 quilômetros em alto-mar.

"Comprimento de onda" é o termo da física que mede a distância entre duas cristas (o "topo" da onda) ou dois vales (a parte inferior) consecutivos.

Na classificação de tsunamis, também são considerados fatores como a amplitude (distância entre a crista e o vale), o período (tempo de uma oscilação completa, ou seja, uma crista e um vale) e frequência (número de oscilações em certa quantidade de tempo).

Em termos comparativos, enquanto uma onda marítima considerada normal possui um período de até algumas dezenas de segundos, no tsunami esse tempo tem alguns minutos ou até meia-hora. E, apesar de apresentar uma amplitude pequena em alto-mar, ao chegar perto da costa a onda pode se tornar gigante.

Maior já registrado

Em um trabalho publicado em conjunto com a matemática Maria Cristina Varriale, também da UFRGS, Lang conta que o maior tsunami já registrado ocorreu no Alasca, em 1958, quando 90 milhões de toneladas de rocha e gelo desabaram em uma baía, gerando uma onda de 50 metros de altura.

Outro exemplo impressionante é o do tsunami que abalou Sanriku, no Japão, em 1896, que chegou a atingir 30 metros de altura. O incidente matou 27 mil pessoas e feriu 9 mil. "Somente na região do Oceano Pacífico, foram registrados mais de 1.100 tsunamis nos últimos vinte séculos", diz Lang.

Mas a altura das ondas nem sempre é o principal aspecto a ser considerado. Nas poucas imagens disponíveis do evento da Indonésia em 2004, que matou quase 300 mil pessoas, as ondas não pareciam ser tão grandes. "Um tsunami não precisa ser gigante em amplitude para produzir efeitos devastadores", afirma o físico.

Curiosidade

"Tsunami" é uma palavra, em japonês que designa uma ou mais ondas produzidas em maremotos. Ou seja: tsunami e maremoto são termos utilizados para nomear basicamente o mesmo fenômeno, causado não apenas por movimentos sísmicos, mas também por atividade de vulcões, deslizamentos submarinos, impactos de meteoritos ou fenômenos meteorológicos.

Esse termo em japonês tornou-se mais popular, no Brasil, a partir de 2004, quando ocorreu a catástrofe na Indonésia. Como a palavra é usada em diversos países, acabou sendo adotada como padrão pelas agências de notícias.

*Com texto de Tatiana Pronin