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Homens e mulheres pré-históricos tinham princípios igualitários, diz estudo

Cena do filme "A Guerra do Fogo", que retrata os tempos pré-históricos, em torno da descoberta do fogo - Reprodução
Cena do filme "A Guerra do Fogo", que retrata os tempos pré-históricos, em torno da descoberta do fogo Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

15/05/2015 16h16

As tribos de caçadores e coletores da pré-história tinham princípios igualitários entre homens e mulheres, segundo um estudo da Universidade College London, da Inglaterra. A conclusão vai contra tudo o que sempre se acreditou, que essas sociedades eram orientadas pela decisão do homem e que seriam eles quem decidiam onde as tribos viveriam. O estudo foi publicado na publicação científica "Science".

Os cientistas coletaram dados genealógicos de duas populações de tribos caçadoras-coletoras, uma no Congo, outra nas Filipinas. Em ambos os casos, as tribos eram compostas por cerca de 20 pessoas e se movimentavam a cada dez dias, sobrevivendo da caça, pesca e coleta de frutas, vegetais e mel. Ao analisar os dados, os cientistas perceberam que as tribos eram compostas de parentes como pais, irmãos, crianças e conhecidos.

Na comunidade filipina, as mulheres se envolviam na caça e na coleta de mel e, apesar de haver uma divisão do trabalho, homens e mulheres colaboravam similarmente com a busca por comida. Nos dois grupos, a monogamia era a norma e os homens ajudavam a cuidar das crianças.

A conclusão foi que, se os homens escolhessem quem levar para os próximos acampamentos, ou seja, com quem conviver, teríamos grupos de homens colegas e suas mulheres atuando na periferia da sociedade. Porém, quando uma mulher tem o poder de decisão, a família é levada junto, por isso era possível constatar grupos de quatro ou cinco irmãos vivendo juntos.

Segundo informou o antropólogo que liderou o estudo, Mark Dyble, ao jornal inglês “The Guardian”, a igualdade entre os sexos pode ter surgido como uma vantagem de sobrevivência. “A igualdade entre os sexos foi importante para as mudanças de organização social, incluindo o crescimento do cérebro e o desenvolvimento da linguagem, que distinguem os humanos.

A desigualdade entre os sexos, com o poder de influência maior dado ao homem, teria surgido na época da agricultura, quando as tribos se fixaram e o acúmulo de riquezas surgiu. “O homem passou a ter o poder de ter mais de uma mulher e de acumular riquezas, e isso desequilibrou a balança de decisões entre os sexos”, afirmou Dyble.

A igualdade entre os sexos foi o que nos distinguiu dos nossos ancestrais, como os primatas. “Chimpanzés vivem em sociedades dominadas pelo macho e agressivas, com hierarquia clara”, concluiu.