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Ferramenta vai prever tempestades solares com 24 horas de antecedência

Nasa registra primeira grande tempestade solar de 2015 - Nasa
Nasa registra primeira grande tempestade solar de 2015 Imagem: Nasa

Débora Nogueira

Do UOL, em São Paulo

10/06/2015 17h20

As tempestades solares são impossíveis de prever e podem causar graves problemas nas telecomunicações da Terra. As erupções da massa que compõe a superfície do sol projetam plasma para o espaço em grande velocidade e interferem no campo magnético terrestre. O resultado são falhas em satélites, em sistemas como GPS, linhas telefônicas, TV a cabo e até mudanças de rotas de aviões. Por isso, uma nova ferramenta que está em desenvolvimento e que foi divulgada na terça-feira (9) pela Nasa (agência espacial americana) é aguardada com expectativa.

O cientista da Nasa Neel Savani desenvolveu um novo modelo para medir o desenvolvimento das tempestades solares com antecedência de até 24 horas. A ferramenta está em testes e, se aprovada, vai dar a possibilidade de avisar os operadores de satélites com tempo para proteger os equipamentos. Savani observou o campo magnético da Terra e a mudança das nuvens para criar um sistema que preveja as tempestades solares.

Atualmente, as agências espaciais conseguem prever de 30 a 60 minutos a configuração de uma tempestade solar antes que ela atinja a magnetosfera. Não há sistema que informe em tempo real os riscos de impacto no campo magnético da Terra. A Europa inaugurou em 2013 um centro para prever justamente esse tipo de problema, mas ele estará operacional apenas em 2020. 

"Uma vez que se mede a estrutura inicial da tempestade solar, o próximo passo é entender como ela evolui enquanto viaja," afirmou o cientista ao site da Nasa.

Savani testa agora as previsões feitas pelo seu sistema para confirmar que elas são iguais ao que aconteceu na realidade. Se aprovado, os meteorologistas poderão se beneficiar da informação fornecida pelo sistema.

Riscos

A atmosfera e a magnetosfera protegem os habitantes da Terra de partículas projetadas pelo Sol, mas isto não acontece no espaço, particularmente quando se trata de satélites que se movimentam a grande altitude, como os de telecomunicações geoestacionários (que ficam a 36 mil quilômetros) ou de navegação (como os do sistema americano GPS ou do sistema europeu Galileu), que são mais vulneráveis.

Segundo a ESA (agência espacial europeia), uma ejeção de massa coronal que projete partículas - prótons, elétrons e núcleos de hélio - a uma velocidade de mais de 2.000 quilômetros por segundo poderia destruir entre 50 e 100 satélites, ou seja, cerca de 10% dos que estão em órbita atualmente.

Se a erupção for detectada a tempo, é possível desativar os satélites, reduzir a potência das redes elétricas, desviar os aviões ou impedir que decolem.

Histórico

Em 2012, uma forte tempestade solar quase atingiu a Terra, colocando em sério risco todo o sistema de redes elétricas e ameaçando "reenviar a civilização contemporânea ao século XVIII", conforme relatou a Nasa à época.

A mais grave tempestade solar foi a de 1859 - conhecida como "evento Carrington" - que afetou a rede mundial de telégrafos, eletrocutou alguns operadores e incendiou escritórios dos correios. Em nossa época, uma grave tempestade solar poderia ter efeitos desastrosos já que grande parte das telecomunicações e serviços passam pelos satélites que estão no espaço. Segundo a Nasa, uma tempestade como a de 1859 custaria atualmente para a economia mundial cerca de dois trilhões de dólares e provocaria danos sem precedentes em um mundo inteiramente dependente da eletricidade e da eletrônica.