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Pesquisadores suecos sintetizam neurônios em laboratório

Neurônios são células capazes de processar e transmitir informações a outras células - Small World Nikon/Divulgação
Neurônios são células capazes de processar e transmitir informações a outras células Imagem: Small World Nikon/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

29/06/2015 19h13

Pesquisadores suecos conseguiram produzir um dispositivo bioeletrônico orgânico que transmite sinais próximos aos de um neurônio. O estudo de neurocientistas do Instituto Karolinska, da Suécia, em colaboração com colegas da Universidade de Linköping, foi publicado recentemente na revista científica Biosensors and Bioelectronics e pretende tornar possível, no futuro, a utilização do recurso em pacientes que tiveram nervos danificados, além de ajudar a tratar lesões e enfermidades. A técnica poderá ser utilizada, inclusive, em pessoas que tiveram membros amputados, por permitir a ligação entre próteses e o tecido humano restante.

Os neurônios são células do sistema nervoso capazes de processar e transmitir estímulos e informações a outras células. Eles liberam substâncias químicas, conhecidas como neurotransmissores, no espaço entre as células, em um processo chamado de sinapse. Outras células captam essas substâncias e as transformam em sinais elétricos que, por sua vez, passam pelo corpo do neurônio e voltam a ser convertido em um sinal químico, em um processo que é cíclico.

Para imitar essa atividade, os cientistas do Instituto Karolinska usaram em laboratório moléculas condutoras de sinais elétricos, os polímeros, em dois ambientes distintos. “Em um prato, o componente de detecção do neurônio artificial encontrou uma alteração nos sinais químicos e os converteu em um sinal elétrico. Este sinal elétrico foi em seguida convertido na libertação da acetilcolina, um tipo de neurotransmissor. Isso aconteceu em um segundo prato, onde os seus efeitos sobre células humanas vivas puderam ser monitorados”, explicou a pesquisadora responsável pelo estudo Agneta Richter-Dahlfors, professora de Microbiologia Celular, em comunicado publicado pelo Instituto Karolinska.

Segundo ela, o próximo passo é diminuir as dimensões do dispositivo para permitir que ele seja testado dentro do corpo humano. “Prevemos que, no futuro, adicionando o conceito de comunicação sem fio, o biossensor pode ser colocado em uma parte do corpo, e desencadear a liberação de neurotransmissores em locais distantes. Usando essa detecção autorregulada, podemos prever novas e excitantes oportunidades para futuras pesquisas e tratamento para distúrbios neurológicos", acrescentou.