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Sensor brasileiro detecta leucemia a partir de substância tirada da jaca

O novo sistema é semelhante ao usado por diabéticos para medir o nível de glicemia e consegue, a partir de uma amostra de sangue, encontrar as células anormais do sangue que representam a leucemia - Reprodução
O novo sistema é semelhante ao usado por diabéticos para medir o nível de glicemia e consegue, a partir de uma amostra de sangue, encontrar as células anormais do sangue que representam a leucemia Imagem: Reprodução

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

25/07/2015 10h39

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos (a 232 km de São Paulo) desenvolveram um dispositivo eletrônico que facilita o diagnóstico da leucemia. O sensor utiliza uma substância presente na jaca para detectar, em até uma hora, se o paciente é portador do câncer. Atualmente, o diagnóstico pode demorar até três semanas. O novo sistema é semelhante ao usado por diabéticos para medir o nível de glicemia e consegue, a partir de uma amostra de sangue, encontrar as células anormais do sangue que representam a leucemia.

O sensor desenvolvido é feito a partir de uma nanopartícula de ouro revestida com jacalina, substância extraída da semente da jaca e que tem a capacidade de se ligar aos açúcares produzidos pelas células leucêmicas. Quando essa ligação é feita, o dispositivo faz com que as células cancerosas brilhem, permitindo o diagnóstico.

“Deixamos essas amostras em contato com a proteína, enxaguamos e centrifugamos as células. Depois, analisamos os materiais em um microscópio de fluorescência. Se na imagem da interação entre a amostra e a nanopartícula houver luz fluorescente, significa que há célula cancerosa”, explica o professor Valtencir Zucolotto, responsável pela pesquisa.

Esse sistema de detecção, composto pela nanopartícula de ouro e da jacalina, é preso a uma fita, onde será colocado o sangue a ser analisado. De acordo com a detecção, ou não, da leucemia, o sistema gera uma resposta elétrica, que é então transformada em uma informação visual indicando o resultado do teste.

A principal vantagem, segundo o professor, é que o sistema é de baixo custo e portátil, o que pode fazer com que seja utilizado em ambulatórios. Hoje, os testes clínicos são realizados apenas em laboratórios e, em determinados casos, podem ultrapassar o valor de R$ 1 mil, valor que cairia "consideravelmente", segundo o professor, que preferiu não citar quanto custaria esse novo exame

Segundo o professor, a rapidez na detecção pode significar a diferença entre a vida e a morte de pessoas com leucemia. "Alguns tipos de leucemia avançam muito rapidamente, e o estrago que faz em uma semana é imenso. Se nós criarmos estratégias para que o teste seja mais rápido e barato, poderemos salvar vidas”, avaliou.

Zucolotto informa ainda que o sistema pode ser utilizado para identificar mais tipos de câncer. "Estamos pesquisando para determinar em quais outros tipos de câncer esse sistema pode ser utilizado com eficácia", disse.

O professor informou ainda que irá realizar novos testes clínicos, em um número maior de pacientes, e que está buscando a parceria de empresas para o desenvolvimento comercial do produto. "Ainda não há nada concreto, mas acreditamos que essa seja uma tecnologia que possa chegar ao mercado em até dois anos", disse.