Topo

Substância encontrada no veneno de cascavel pode curar estrabismo

As cascavéis têm crotoxina no seu veneno - a substância tem ação semelhante à toxina botulínica - Gleisson Mateus/Funed
As cascavéis têm crotoxina no seu veneno - a substância tem ação semelhante à toxina botulínica Imagem: Gleisson Mateus/Funed

Do UOL, em São Paulo

05/08/2015 15h14

Uma toxina encontrada no veneno da cascavel pode ser uma aliada no tratamento do estrabismo (desalinhamento dos olhos). Pesquisadores da Funed (Fundação Ezequiel Dias), ligada ao governo de Minas Gerais, descobriram que a crotoxina, encontrada nas cascaveis, tem ação semelhante à toxina botulínica, o popular Botox, usada hoje como único tratamento para o problema.

Quando uma pessoa tem estrabismo, ela tem um problema no equilíbrio e sincronia entre os músculos que prendem o globo ocular e são responsáveis pelo seu movimento. Atualmente, o tratamento é feito apenas com a toxina botulínica ou por meio de intervenção cirúrgica.

Os pesquisadores descobriram que a crotoxina age como um bloqueador neuromuscular, o que causa uma paralisia transitória no músculo, fazendo com que ele relaxe parcialmente. O efeito é importante para o tratamento da anomalia, pois ajuda a restaurar o equilíbrio dos músculos responsáveis pelo controle dos movimentos do globo ocular.

A ação é semelhante à causada pelo Botox, e por isso, a equipe da Funed acredita que a crotoxina pode ser uma alternativa para tratar o estrabismo, o que pode ser a solução para pessoas com resistência ao Botox, ou seja, que criaram anticorpos contra a substância. 

Os pesquisadores afirmam ainda que os efeitos da crotoxina são mais duradouros que os da toxina botulínica, o que pode tornar as aplicações menos frequentes.

O objetivo dos cientistas é oferecer o tratamento alternativo de maneira gratuita, através do SUS (Sistema Único de Saúde), mas para isso buscam parcerias com outros órgãos e instituições privadas para que sejam feitos testes mais amplos em pessoas com o problema.