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Cometa Tchouri e sonda Rosetta atingem ponto mais próximo do sol hoje

Do UOL, em São Paulo

12/08/2015 12h18

A sonda europeia Rosetta, lançada em março de 2004 e que orbita o cometa 67/P/Churyumov-Gerasimenko, o Tchouri, desde o ano passado, atingirá o seu ponto mais próximo do sol (cerca de 186 milhões de quilômetros) nesta quinta-feira (13), às 2h (23h de Brasília de quarta), antes de afastar-se seguindo uma longa curva elíptica de sua órbita de seis anos e meio.

A aproximação dá início a uma nova etapa na procura da origem da vida na Terra. Os cientistas esperam que os jatos de gás muito poderosos sob o efeito do calor permitam a captura de partículas orgânicas deixadas pela formação do sistema solar e presas há 4,6 milhões de anos no gelo do Tchouri.

Os cometas são pequenos corpos do sistema solar constituídos de um núcleo feito de gelo, de materiais orgânicos e pedras, e cercado de poeira e gás. Ao se aproximar do sol, o gelo subterrâneo do cometa vai se transformar em vapor, provocando tempestades de gás e poeira e projetando partículas.

Se o cometa passar por essa alteração, a sonda Rosetta, que orbita na sua proximidade, estará pronta para registrar quaisquer pistas de como o sistema solar foi formado.

"Este é o momento em que haverá mais ação", declarou à AFP Mark McCaughrean, assessor científico da Agência Espacial Europeia (ESA). É "a maior oportunidade para recolher material a ser analisado quando se procura espécies raras de moléculas”, especialmente componentes orgânicos.

"Estamos à procura de matérias-primas virgens que podem escapar" da parte de baixo da camada de poeira deixada pelo último periélio, explica Mark McCaughrean.

O cenário mais emocionante: que o "pescoço de pato" se quebre --- devido à sua forma, Tchouri é muitas vezes comparado a um pato --- revelando o material enterrado.

"Este seria realmente o Santo Graal... ver o interior do cometa", afirmou entusiasmado McCaughrean, mesmo que a maioria dos cientistas acreditem que o cometa não é tão instável a ponto de se quebrar.

O robô espacial europeu Philae permanece em silêncio há mais de um mês, e caberá à sonda Rosetta, que está atualmente localizada a cerca de 300 km do cometa e não pode chegar mais perto sem o risco de ficar perdida na tempestade de gás, capturar essas partículas.

Os instrumentos da Rosetta podem coletar partículas, mesmo em sua distância atual, mas em concentrações muito baixas, e "ela não poderia pegar os raros", segundo McCaughrean.

Os cientistas também podem, graças a fotos tiradas por Rosetta, comparar a aparência do cometa antes e depois do periélio. Estas imagens, as amostras de gás e outras medições feitas pela sonda devem trazer novas informações sobre a composição do cometa e o seu ciclo.

Philae está estacionado no cometa desde o seu pouso turbulento, em 12 de novembro de 2014. Após sete meses de hibernação, voltou a fazer contato com Rosetta em oito ocasiões. Mas desde 9 de julho, data de seu último sinal, permanece em silêncio.

"Philae pode estar ativo, mas como não temos nenhum contato, não sabemos nada de sua condição", disse à AFP Patrick Martin, chefe da missão Rosetta.

Quando o cometa se afastar do sol e suas tempestades de gás se acalmarem, os cientistas esperam chegar perto e restabelecer contato com o pequeno robô precioso.