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Depois que casam, roedores deixam de achar que "fêmeas são iguais"

É como se, para o arganaz-do-campo solteiro, "todas as fêmeas fossem iguais" - Todd Ahern/AP/Emory University
É como se, para o arganaz-do-campo solteiro, "todas as fêmeas fossem iguais" Imagem: Todd Ahern/AP/Emory University

Do UOL, em São Paulo (SP)

14/09/2015 06h00

O casamento costuma trazer grandes mudanças. Para os roedores conhecidos como arganazes-do-campo (Microtus ochrogaster), o encontro de uma parceira confere aos machos a habilidade de reconhecer e distinguir as fêmeas da espécie.

Conhecidos por serem monogâmicos –os machos passam a maioria do tempo com uma única fêmea– os arganazes-do-campo têm características peculiares quando solteiros. Antes de formarem um vínculo com uma parceira, os machos da espécie não possuem a habilidade de distinguir entre diferentes fêmeas. É como se, para o arganaz pretendente, "todas as fêmeas fossem iguais", ou seja, com a mesma aparência e cheiro.

No entanto, uma nova pesquisa publicada na edição de outubro da revista científica “Animal Behavior”, mostra que os machos que têm uma parceira conseguem distinguir diferentes fêmeas da espécie. Essa habilidade surge, segundo o estudo, depois que o macho elege uma fêmea como parceira.

Para os cientistas, a habilidade é importante para a manutenção dos laços conjugais e ajuda no cuidado com os filhotes, já que é fundamental para a monogamia distinguir a parceira entre outras fêmeas da espécie.

Mas o comportamento desses roedores, comuns na América do Norte, ainda deixa os cientistas intrigados. Para um homem que quer se casar, não distinguir entre suas pretendentes seria uma desvantagem. Por que então os arganazes apenas conseguem distinguir as fêmeas depois de casados?

Cientistas entrevistados pela National Geographic especulam que, talvez para esta espécie, a simples distinção entre machos e fêmeas seja mais importante que a habilidade de identificar diferentes fêmeas. Além disso, pode ser que a distinção entre machos potencialmente ameaçadores seja mais importante para a sobrevivência dos jovens arganazes-do-campo.

Os pesquisadores também lembram que a habilidade de reconhecer as fêmeas da espécie abre uma porta para a ‘traição’, já que os machos casados agora conseguem identificar eventuais parceiras desconhecidas.