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Japonês e canadense ganham Nobel de Física por estudos de neutrinos

Fotos dos vencedores do Nobel de Física 2015 Takaaki Kajita (esq.) e Arthur B. McDonald são exibidos durante anúncio na Academia Real Sueca de Ciências, em Estocolmo - Jonathan Nackstrand/ AFP
Fotos dos vencedores do Nobel de Física 2015 Takaaki Kajita (esq.) e Arthur B. McDonald são exibidos durante anúncio na Academia Real Sueca de Ciências, em Estocolmo Imagem: Jonathan Nackstrand/ AFP

Do UOL, em São Paulo

06/10/2015 07h23Atualizada em 06/10/2015 08h28

O japonês Takaaki Kajita e o canadense Arthur B. McDonald são os vencedores do prêmio Nobel de Física em 2015 por seus trabalhos sobre os neutrinos, partículas elementares.

Eles foram premiados pela "descoberta das oscilações dos neutrinos, que demonstram que estes têm uma massa", o que permite compreender o funcionamento interno da matéria e um melhor conhecimento do universo, afirmou o júri do Comitê Nobel.

"A descoberta mudou nosso entendimento dos trabalhos da matéria e pode se provar crucial para nossa visão do universo", informou a Academia Real Sueca de Ciências em nota, ao anunciar os vencedores nesta terça-feira (6).

Kajita descobriu que os neutrinos presentes na atmosfera mudavam de identidade durante o experimento Super-Kamiokande, na Universidade de Tóquio. Ao mesmo tempo, na Queen's University de Kingston, no Canadá, McDonald comprovava que os neutrinos provenientes do Sol não desapareciam no percurso até a Terra, mas assumiam uma identidade diferente.   

Por anos, os físicos acreditavam que esses elementos desapareciam sem deixar rastro em determinado momento do percurso, o que contradiz as leis da física básica, de que nada pode desaparecer sem se transformar.

O neutrino, partícula elementar da matéria -- que pode ser comparada a um fantasma ou a um camaleão -- está um bilhão de vezes mais presente no universo que cada um dos integrantes do átomo, mas, apesar disto, é incrivelmente difícil de ser detectado.

O neutrino, que intriga os físicos desde os anos 60, está, de fato, desprovido de carga elétrica, o que permite que atravesse todo tipo de 'muro'.

Assim, de cada 10 bilhões de neutrinos que atravessam a Terra, apenas um interage com um átomo de nosso planeta e seria necessário um muro de chumbo com espessura de um ano-luz para deter metade destas partículas, que também têm a característica de mutação frequente.

Segundo a comissão que premiou ambos, Kajita e McDonald deram as "contribuições-chave" para entender a "metamorfose" desses elementos, que passam por um processo que, qualquer um dos três tipos de neutrinos existente, mudam de identidade, assumindo aquela dos outros dois "membros" de sua família. Para o comitê, essa descoberta abriu a estrada para ter uma nova imagem do universo.

Kajita nasceu em 1959 na cidade de Higashimatsuyama, no Japão, se se formou em 1986 na Universidade de Tóquio, onde atua como professor e dirige o Instituto de Pesquisa de Raios Cósmicos.

McDonald, nascido em 1943 em Sydney, no Canadá, se graduou em 1969 no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em Pasadena (EUA), e é professor emérito na Universidade Queen's de Kingtson, também no Canadá.

Os vencedores vão dividir o prêmio de 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,8 milhões).

Os prêmios Nobel foram entregues pela primeira vez em 1901 para honrar avanços na ciência, literatura e paz, de acordo com o testamento do inventor da dinamite e empresário Alfred Nobel. (Com as agências internacionais)