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A cauda de um dinossauro seria capaz de ultrapassar a velocidade do som?

Divulgação/JurassicWorld
Imagem: Divulgação/JurassicWorld

Paula Moura

Colaboração para o UOL

06/11/2015 06h00

Uma chicoteada no ar da cauda do Apatossauro, dinossauro gigante com pescoço e cauda compridos, conseguia ultrapassar a barreira do som há 150 milhões de anos? Essa inquietação já conhecida entre os cientistas foi levada ao extremo por Nathan Myhrvold, físico, ex-CTO da Microsoft e aficionado assumido por dinossauros. A reconstrução foi feita por paleontólogos com alumínio, aço, neoprene e teflon. O modelo tem 3,6 metros - apenas um quarto do tamanho da cauda original - mas já consegue produzir o estrondo característico de quando a barreira do som é ultrapassada.

O gênero Apatosaurus faz parte dos sauropodos, grupo de dinossauros herbívoros que viveram há cerca de 155,7 milhões a 150,8 milhões de anos durante o fim do período Jurássico. Segundo Myhrvold, esses dinossauros com caudas longas provavelmente usavam esses estrondos supersônicos como defesa, para se comunicarem, acasalamento e disputas entre indivíduos da mesma espécie.

Myhrvold, hoje CEO da sua empresa de patentes de tecnologia e pesquisa, intrigou-se com a pergunta quando leu um livro do zoologista Robert McNeill Alexander, sobre movimento dos dinossauros, em que o autor se perguntava se a cauda dos sauropodos Diplodocidae agia como um chicote para fazer barulho.

"Pensei que eu deveria descobrir. Era uma ideia tão lega"”, disse ao site Live Science. Em 1997, ele já havia se associado ao pesquisador Philip J. Currie, do Museu de Paleontologia de Drumheller, no Canadá, para fazer modelos computadorizados e testar essa dúvida. Na época, deu até o nome de ciberpaleontologia aos experimentos.

A equipe levou nove meses para desenhar, construir e testar o modelo de 20 quilos que foi anexado a um tripé de câmera para os testes. Quando uma pessoa puxa com força e rapidez o tripé várias vezes, a cauda balança e faz um estrondo, indicando que quebrou a barreira do som.

Simulação da batido do rabo do dinossauro Apatossauro - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Para fazer medidas com precisão, a equipe filmou o modelo usando uma câmera de alta velocidade que tirou cerca de 6 mil a 8 mil frames por segundo. “Cada frame mostrou uma posição e, calibrando as posições, conseguimos descobrir onde estava e calcular a velocidade”, disse Myhrvold.

No nível do mar, a velocidade do som é de 340 metros por segundo. De acordo com os cálculos da equipe, a cauda atingiu pelo menos 360 metros por segundo.    Sendo assim, o apatossauro já conseguiria fazer o que só foi possível para os humanos em 1947, quando o primeiro voo supersônico foi realizado pelo americano Chuck Yeager ultrapassou a velocidade do som.

O modelo foi apresentado na conferência anual da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados em Dallas, nos Estados Unidos, no mês passado. Críticos do projeto dizem que apenas um modelo em escala natural poderia provar se ele realmente chegava a romper a barreira do som - além de sugerir que carne e pele restringiriam os movimentos do animal e reduziriam a velocidade.