Topo

Como fazer seu animal de estimação viver mais? É o que a ciência busca hoje

Getty Images
Imagem: Getty Images

Paula Moura

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/12/2015 06h00

Se por muito tempo o foco foi a busca para entender como aumentar a longevidade dos seres humanos, agora a indagação dos cientistas também tem sido feita em relação aos animais de estimação. E a ideia é justamente descobrir os fatores da longevidade para fazer com que os bichos possam acompanhar seus donos em uma vida mais longa. As respostas não fáceis de encontrar, mas algumas hipóteses começam a aparecer.

Animais maiores geralmente vivem mais que os pequenos, explica Steven Austad, biogerontologista da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, na revista Science Advances. Segundo ele, não é apenas uma questão de sobrevivência, mas o resultado de milhões de anos de pressão evolucionária. Baleias e elefantes podem crescer mais lentamente porque ninguém vai atacá-los.

Assim, aos longo da evolução, eles puderam investir em um sistema imunológico forte e um corpo robusto que permitirá ter muitos filhotes. Os menores, por outro lado, evoluíram para crescer rapidamente e acelerar sua reprodução antes de serem caçados, sem tempo para desenvolver um sistema imunológico resistente, como ratos e moscas.

Por que gatos vivem mais que cachorros?

No caso dos cães e gatos, não acontece o mesmo, já que a tendência é de os cachorros serem maiores do que os gatos. Provavelmente, assim como elefantes e baleias, os ancestrais dos gatos de hoje eram mais bem-sucedidos em escapar dos predadores do que os dos cães. A tendência teria se mantido até os dias de hoje.

Essa hipótese é reforçada com o exemplo do rato-toupeira-pelado e dos morcegos, que conseguem fugir melhor dos predadores e também tendem a viver mais.Além disso, Austad lembra que os lobos, ancestrais dos cães, são muito mais sociais do que os felinos selvagens, portanto, mais suscetíveis para espalhar doenças entre si, o que acarretaria uma expectativa de vida menor.

Entretanto, outra questão surge quando se analisa apenas os cães. Os cachorros pequenos tendem a viver mais do que os grandes, em alguns casos, até o dobro do tempo. Há duas possibilidades: o rápido crescimento dos cães maiores resultaria num corpo mais frágil ou, como a maioria das raças surgiu faz poucos séculos, elas não teriam evoluído o suficiente para se tornarem fortes, ou ambas respostas.

Pesquisas mostram que os cães maiores têm maior quantidade de um hormônio parecido com a insulina chamado de fator 1 e que essa proteína está associada a uma vida mais curta em diversas espécies, apesar de detalhes desse mecanismo ainda serem uma incógnita. Como os cães maiores geralmente crescem mais rápido, nota Daniel Promislow, do projeto Dog Aging, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o resultado disso poderia ser corpos não tão fortes e mais propensos a complicações e doenças.

Gatos vivem cerca de 15 anos e um gato chamado Creme Puff viveu por 38 anos no Texas, Estados Unidos. Já os cachorros tem um média de 12 anos e o cão pastor de gado australiano Bluey é o mais velho já registrado, com 29 anos. A tendência dos bichos de estimação estarem vivendo cada vez mais e os estudos para que isso aconteça estão avançando ultimamente.

De qualquer forma, cães e gatos já estão vivendo mais do que em qualquer época. A expectativa de vida dos cachorros dobrou nas últimas quatro décadas e dos gatos domésticos vivem duas vezes mais tempo do que os gatos selvagens. Um dos fatores é a melhora do atendimento veterinário e da alimentação. Em 2014, os consumidores brasileiros gastaram R$ 16,7 bilhões com produtos e serviços para os bichos de estimação, segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação).