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Ceres não é órfão; cientistas brasileiros encontram família do planeta-anão

NASA/AFP
Imagem: NASA/AFP

Da Agência Fapesp

18/04/2016 06h00

O planeta-anão Ceres é famoso por ser o maior corpo de um cinturão de asteroides que fica entre Marte e Júpiter. Por seu tamanho, cientistas acreditam que deveria existir uma "família" de fragmentos originados de colisões que aconteceram em Ceres ao longo dos últimos bilhões de anos, mas não existiam pistas que confirmassem essa hipótese. Até agora.

Pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista), com colaboração de cientistas do Instituto de Pesquisa Southwest, nos EUA, encontraram vestígios de uma antiga e dispersa família do planeta-anão. A descoberta se trata de um conjunto de 156 asteroides em uma região primitiva do cinturão. Esses asteroides têm características que indicam, segundo os cientistas, que eles podem ser fragmentos de Ceres.

De acordo com pesquisadores, é comum que asteroides do tamanho de Ceres (900 km de diâmetro) tenham famílias reconhecidas, como é no caso de Hygiea e Euphrosyne. Por isso eles buscam pelos "familiares" do planeta-anão.

Estima-se que colisões com outros objetos ao longo dos últimos 4,5 bilhões de anos geraram pelo menos dez crateras com mais de 300 km de diâmetro em Ceres, o que mostra que o planeta-anão perdeu material suficiente para formar ao menos duas famílias.

Provas circunstaciais

Os cientistas também analisaram dados de observação da sonda espacial Dawn, lançada pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) em 2007 para examinar o Ceres. Os relatórios corroboraram para a estimativa de fragmentos desprendidas do planeta-anão ao mostrar que ao menos duas crateras com 280 km de diâmetro foram formadas nos últimos 2 bilhões de anos na superfície de Ceres.

Os resultados das análises indicaram que 156 objetos na região apresentam fotometria compatível com asteroides do tipo C, como Ceres. Além disso, os estudos estatísticos realizados pelos pesquisadores também indicaram que a distribuição em inclinações desses objetos é compatível como sendo originados do planeta-anão.

“Ainda não há uma prova definitiva de que exista uma família de Ceres, porque ainda não foram obtidos espectros completos para confirmar a classificação. Mas há provas circunstanciais bastante fortes”, afirmou Valério Carruba, professor da Unesp de Guaratinguetá e principal autor do estudo.