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Juntinhas e aglomeradas: por que as estrelas ficam unidas em constelações?

Quinteto de Stephan: grupo de cinco galáxias que fica na constelação de Pegasus, a cerca de 290 milhões anos-luz da Terra; imagem foi capturada pelo James Webb - NASA, ESA, CSA e STScI
Quinteto de Stephan: grupo de cinco galáxias que fica na constelação de Pegasus, a cerca de 290 milhões anos-luz da Terra; imagem foi capturada pelo James Webb Imagem: NASA, ESA, CSA e STScI

De Tilt*, em São Paulo

29/12/2022 04h00

Constelações são agrupamentos aparentes de estrelas inventados pelos homens, que, na Antiguidade, viam ali figuras como cruz, escorpião e seres mitológicos.

Acredita-se que as constelações foram criadas por motivos religiosos, para marcar períodos de plantio e colheita ou as estações do ano. Mas sua principal função é nos ajudar a identificar mais facilmente algumas das bilhões de estrelas que existem.

Os gregos antigos foram os primeiros a descrever mais da metade das 88 constelações reconhecidas atualmente - em sua maioria, as que têm estrelas maiores e mais brilhantes, facilmente identificadas a olho nu. Quarenta e oito delas foram registradas nos livros do cientista grego Ptolomeu, grande estudioso da astronomia (e de outras áreas).

Os humanos logo perceberam que algumas constelações só podem ser vistas em determinadas épocas do ano, devido à órbita da Terra em torno do Sol. Essas observações levaram povos de diferentes continentes a se guiar pelas estrelas para a realização de rituais religiosos ou marcação do tempo, especialmente da época de plantio e colheita.

Cada grupo possuía suas próprias constelações e o mesmo conjunto de estrelas podia ter nome e significado diferentes. É o caso da Cruzeiro do Sul, que foi "transformada" pelos navegantes europeus a partir da constelação do Centauro para os gregos. Se para alguns ela representa uma cruz, para alguns povos indígenas ela é, na verdade, uma armadilha para pegar peixe.

Embora ainda não se saiba a origem e data exata da criação dessas constelações, as descrições de Ptolomeu foram provavelmente influenciadas por trabalhos de pesquisadores de 350 a.C. Alguns estudos arqueológicos identificaram possíveis marcações astronômicas parecidas com constelações há cerca de 17 mil anos, em uma caverna no sul da França.

Entre os séculos 16 e 17, outras constelações foram acrescentadas à lista de Ptolomeu, principalmente por astrônomos e cartógrafos europeus que aproveitaram o período de "descobertas" de terras no Hemisfério Sul para estudar o céu dessa parte do planeta.

Mas, com o avanço científico, o conceito de constelação mudou um pouco. Em 1930, a União Astronômica Internacional, órgão responsável por dar nomes a corpos celestes, dividiu geometricamente a esfera celeste em 88 partes.

Dessa maneira, qualquer objeto celeste que estiver na região de uma constelação, além das estrelas, também é considerado parte da constelação.

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A constelação da Ursa Maior é uma das mais famosas e distinguíveis constelações.
Imagem: shutterstock

As estrelas estão próximas uma das outras?

Embora as estrelas de uma constelação pareçam estar à mesma distância da Terra e próximas entre si, geralmente elas não têm relação física. Elas variam muito em relação ao tamanho, distância da Terra e temperatura.

Essa ilusão acontece porque nós a vemos a partir de uma distância muito longa. Na constelação de Cygnus (Cisne), por exemplo, a estrela com o brilho mais fraco é a que está mais próxima da Terra e a estrela mais brilhante é a mais distante.

A maioria dos nomes que conhecemos, principalmente das constelações antigas, vem do Oriente Médio antigo, da Grécia e da cultura romana.

Eles identificavam os aglomerados de estrelas de maneira aleatória e os batizavam com nomes de deuses, deusas, animais e objetos sagrados de suas histórias (como Andrômeda ou Pégasus).

Atualmente, o nome das estrelas segue padrões mais burocráticos, de acordo com as suas coordenadas.

Fonte: Observatório Astronômico da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Departamento de Astronomia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e União Astronômica Internacional.

*Com texto de Cintia Baio