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Telescópio Alma encontra poeira estelar mais antiga do Universo

Aglomerado de galáxias Abell 2744 - ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/ NASA/ ESA - ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/ NASA/ ESA
Esta imagem obtida pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA mostra o rico aglomerado de galáxias Abell 2744. Mas muito além do aglomerado, quando o universo tinha apenas 660 milhões de anos de idade, encontra-se a galáxia A2744_YD4
Imagem: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/ NASA/ ESA

Do UOL, em São Paulo

08/03/2017 09h54

Usando o telescópio Alma, do ESO (Observatório Europeu do Sul), pesquisadores detectaram uma enorme quantidade de poeira estelar brilhante em uma galáxia observada quando o Universo tinha apenas 4% da sua idade atual. A galáxia foi observada pouco depois da formação e é a mais distante onde já se detectou poeira.

As observações também mostraram a mais distante detecção de oxigênio no Universo.

Uma equipe internacional de astrônomos, liderada pelo cientista Nicolas Laporte, da University College London observou a A2744_YD4, a galáxia mais jovem e mais distante já alcançada pelo aparelho.

Os pesquisadores conseguiram observar a galáxia porque ela se encontra atrás de um aglomerado de galáxias chamado Abell 2744, um objeto massivo, situado a 3,5 bilhões de anos-luz de distância.

Por conta de um fenômeno chamado lente gravitacional, o aglomerado atua como um “telescópio” cósmico gigante capaz de ampliar cerca de 1,8 vezes a galáxia A2744_YD4 permitindo que os astrônomos possam observá-la no universo primordial.

Quando a Galáxia tinha apenas 600 milhões de anos

Usando dados do instrumento X-shooter, montado próximo ao conjunto de telescópios que formam o VLT, os cientistas confirmaram que se trata de uma galáxia de quando o Universo tinha apenas 600 milhões de anos de idade. Nessa época, as primeiras estrelas e galáxias ainda estavam se formando --para se ter uma ideia, os humanos apareceram na Terra 13 bilhões de anos mais tarde.

Segundo os pesquisadores, a A2744_YD4 não é apenas a galáxia mais distante já observada pelo Alma, mas a detecção de tanta poeira também indica que supernovas primordiais liberaram a poeira cósmica da galáxia.

A poeira cósmica é composta por silício, carbono e alumínio, em grãos muito pequenos, com dimensões de uma milionésima parte de centímetro. Os elementos químicos destes grãos são formados no interior das estrelas e libertados para o meio quando elas morrem em espetaculares explosões de supernovas, o destino final das estrelas com vidas curtas.

No universo atual estas poeiras existem em grandes quantidades, constituindo peças fundamentais na formação de estrelas, planetas e moléculas complexas; no entanto no universo primordial, antes da primeira geração de estrelas ter morrido, a poeira era bastante escassa.

Durante as observações, os pesquisadores também detectaram a emissão brilhante de oxigênio ionizado vinda de A2744_YD4. Trata-se da mais longínqua, e consequentemente mais antiga, detecção de oxigênio feita até hoje, ultrapassando o resultado obtido em 2016.

Os pesquisadores acreditam que a A2744_YD4 possua uma quantidade de poeira equivalente a 6 milhões de vezes a massa do nosso Sol, enquanto a massa estelar total da galáxia seja o equivalente a 2 bilhões de vezes a massa solar.

Os pesquisadores ressaltam que o Sol, a Terra e a existência humana surgiram 13 bilhões de anos mais tarde do que esta primeira geração de estrelas. Ao estudar a sua formação, vida e morte, é possível explorar a origem humana.