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Por que os boatos e as notícias falsas viralizam nas redes sociais?

Há cada vez mais "fake news" sendo espalhadas pelas redes sociais - Getty Images/iStockphoto
Há cada vez mais "fake news" sendo espalhadas pelas redes sociais Imagem: Getty Images/iStockphoto

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

26/06/2017 17h15

O alto volume de informações que circula nas redes sociais aliado à nossa limitada capacidade de absorvê-las pode explicar o motivo para a proliferação de boatos e notícias falsas nas plataformas virtuais. É o que aponta estudo publicado na "Nature Human Behavior" nesta segunda-feira (26).

De acordo com a pesquisa, mesmo que as pessoas deem preferência para informações de boa qualidade, o fato de terem muita informação à disposição e pouco tempo de atenção dedicado a cada informação faz com que boatos tenham a mesma chance de viralizar que uma informação de fonte confiável.

"Estamos expostos a centenas se não milhares de mensagens todos os dias, mas nós não conseguimos prestar atenção em todas elas. Por exemplo, quando você vai ao Facebook ou ao Twitter, você recebe muitas mensagens, fotos, memes de seus amigos, mas apenas uma pequena quantidade delas conseguem capturar sua atenção", explica o físico brasileiro Diego Oliveira, um dos autores do estudo.

Os pesquisadores desenvolveram um modelo de transmissão de meme para explorar a relação entre a carga de informações (número médio de memes recebidos por um indivíduo por unidade de tempo) e a atenção individual com o impacto em sua popularidade.

Em março, o boato de que a vacina da febre amarela era fatal viralizou - Reprodução/Montagem UOL - Reprodução/Montagem UOL
Em março, o boato de que a vacina da febre amarela era fatal viralizou
Imagem: Reprodução/Montagem UOL

Para chegar a tal análise, os cientistas avaliaram o comportamento de usuários de Twitter, Tumblr e Facebook e seguiram uma relação de notícias falsas, classificadas como de baixa qualidade, bem como noticias que desmascaram tais "fake news", classificadas como noticias de alta qualidade. A pesquisa mostrou que as informações falsas se espalham nas redes sociais na mesma proporção que as informações de alta qualidade.

Terreno fértil para o "fake news"

O físico da Universidade de Indiana acredita que as redes sociais são um campo fértil para a disseminação de boatos. 

“Devemos ter em mente que nossos amigos provavelmente não são bons editores e são impulsionados por emoções e menos objetividade e confiabilidade”, ressalta Oliveira.

Como frear essa disseminação de notícias falsas e boatos

Para os cientistas, uma maneira de aumentar o poder discriminativo das mídias sociais, evitando a disseminação de informações erradas, é impedir o uso de bots --usuários falsos criados para disseminar publicações, aumentando o alcance delas nas redes sociais-- que inundam as mídias sociais com informações de baixa qualidade.

Ele elogia, também, iniciativas do Google e do Facebook em tentar reduzir este número de notícias falsas em suas plataformas, bem como do papel de agências de checagem de fato na verificação da autenticidade das notícias.

Ele afirma, contudo, que cabe a nós o maior papel de não espalhar notícias falsas nas redes sociais. “Devemos verificar as fontes de informações, evitar assumir de que algo compartilhado por um contato social é confiável e evitar compartilhar algo sem lê-lo criticamente”, diz.