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Consumo moderado de gordura é melhor que dieta rica em carboidrato

Consumo moderado de gordura está associado a um menor risco de morte em comparação à ingestão deste tipo de alimento em uma proporção ainda mais baixa - Getty Images
Consumo moderado de gordura está associado a um menor risco de morte em comparação à ingestão deste tipo de alimento em uma proporção ainda mais baixa Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

29/08/2017 06h00

Substituir o consumo de gorduras por carboidratos pode não ser tão benéfico para a saúde como acreditávamos. De acordo com estudo recente, o consumo moderado de gordura (cerca de 35% da refeição) está associado a um menor risco de morte em comparação à ingestão deste tipo de alimento em uma proporção mais baixa.

Por outro lado, uma dieta rica em carboidratos (mais de 60% da energia adquirida pela comida) está relacionada a uma maior mortalidade --mesmo se o risco de doenças cardiovasculares não esteja relacionado a este consumo. 

O estudo foi publicado nesta terça-feira (29) no jornal Lancet e apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia 2017, em Barcelona.

Para chegar a tal conclusão, pesquisadores da Univeridade de McMaster e do Hamilton Health Sciences in Hamilton, ambos do Canada, acompanharam, durante sete anos e meio, os hábitos alimentares e a incidência de doenças cardiovasculares --e eventuais óbitos-- de mais de 135 mil pessoas, de 18 países.

Em média, a dieta dos entrevistados era composta por carboidratos (61,2%), gorduras totais (23,5%) e proteína (15,2%). Durante os sete anos e meio em que foram acompanhados pelos cientistas, 5.796 pessoas morreram, sendo 3.809 (65%) em decorrência de doenças cardiovasculares. Outras 4.784 pessoas tiveram ataques cardíacos ou algum outro tipo de doença cardíaca.

Para os cientistas, dietas com alto teor de carboidratos (77% da energia consumida na refeição) foram associadas a um risco de morte 28% maior do que a alimentação de pessoas com baixo teor de carboidrato (46%).

Por outro lado, indivíduos que consumiam alta quantidade de gordura (35%) apresentaram risco de morte 23% menor do que aqueles que ingeriam baixa quantidade (23%) deste tipo de alimento.

Os cientistas sugerem que um indivíduo que busque uma dieta mais saudável, ao invés de reduzir o consumo de gorduras, reduza a ingestão de carboidratos. Esta redução deve ser ainda mais efetiva em países de baixa e média renda, onde ingestão de carboidrato é maior.

A dieta ideal, de acordo com os pesquisadores, teria um maior equilíbrio entre o consumo de carboidrato (entre 50% e 55%) e gorduras (35%).

O consumo de gorduras e os riscos associados

Atualmente, organizações globais, como a OMS (Organização Mundial da Saúde), recomendam que a ingestão de gorduras saturadas não ultrapasse 10% daquilo que é consumido em uma refeição.

De acordo com o estudo, no entanto, um consumo menor que 3% é está associado a mais riscos do que dietas em que a ingestão de gorduras saturadas cheguem até 13%. O mesmo se dá com gorduras mono e polissaturadas. 

Três ou quatro porções de frutas e legumes

Outra pesquisa, também realizada com os mais de 135 mil entrevistados e conduzida pelos mesmos pesquisadores, apontou, ainda, que pessoas que consomem diariamente entre três e quatro porções de frutas, verduras e legumes (entre 375g e 500g), obtêm benefícios a saúde semelhantes àqueles que consomem cinco porções.

Para os cientistas, isto pode ser uma boa notícia para países com populações de baixo poder de consumo.