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Clique Ciência: Você sabe qual o tipo sanguíneo do seu animal de estimação?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Aretha Yarak

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/09/2017 04h00

Animais de estimação também têm tipos diferentes de sangue entre eles. Os cães possuem 13 tipos (algumas frentes de pesquisa já apontam para vinte) e os gatos, apenas três. Mas, apesar dessa grande variedade de perfis sanguíneos, há uma grande prevalência de alguns tipos nas duas espécies.

Nos gatos, os tipos sanguíneos são três: A, B e AB. Acredita-se que haja um quarto, chamado de MINK, mas que ainda está sendo estudado.

A prevalência de cada um pode variar muito de acordo com a localidade e raça do pet. “No Brasil, encontramos uma superioridade muito grande do tipo A”, comenta Márcio Moreira, veterinário responsável pelo Hemocentro do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi-Morumbi.

Estima-se que mais de 95% dos felinos tenha esse perfil de sangue, 3% o B e uma minoria muito ínfima o AB.

“Nem coletamos o sangue B, porque é tão difícil aparecer um receptor que esse sangue estragaria”, diz Moreira. As bolsas de sangue podem ser armazenadas por até 35 dias, depois disso são descartadas. Nesse caso, o animal é registrado e entra para uma relação de doadores que podem ser acionados quando necessário.

Apesar da alta prevalência do sangue A entre os felinos, é preciso fazer todos os testes antes de alguma transfusão. Se o animal receber um tipo incompatível, ele pode ter uma reação sistêmica grave e morrer.

Cão veterinário - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

E os cachorros?

Nos cães, a classificação é um pouco distinta. Os 13 tipos compõem o sistema DEA (sigla em inglês para Dog Eritrocyte Antigen, ou Antígeno Eritrocitário Canino), com nomenclatura numeral – por exemplo, DEA 1, DEA 1.1, DEA 3. A prevalência de cada um é muito variada.

Estima-se que em torno de 60% dos cães sem raça definida (vira-latas), 80% dos rottweilers e metade dos pastores alemães sejam DEA 1.1.

Os cachorros não possuem anticorpos naturais contra a maior parte desses tipos (ao contrário dos gatos e dos humanos). Isso significa que um sangue diferente não será rejeitado pelo corpo logo no primeiro contato. “Apenas em uma segunda transfusão, quando já houve a sensibilização do sistema imune, que pode haver rejeição”, comenta Moreira.

A tendência, no entanto, é que essa reação seja moderada na maior parte dos tipos. Apenas no DEA 1.1 ela é grave e pode levar à morte.

Por isso, os kits de tipagem disponíveis hoje no mercado testam apenas se o animal é positivo ou negativo para o DEA 1.1. Uma segunda possibilidade para trazer segurança à transfusão é fazer o teste de compatibilidade. “Não consigo determinar qual o tipo, mas se ele vai ter alguma reação ou não”, explica Moreira.

Animais doadores de sangue

Para se tornar um doador de sangue, os animais precisam preencher alguns pré-requisitos. Isso garante que a retirada seja feita de maneira segura, tanto para a saúde dele quanto para a do animal que vai receber o sangue.

Antes de ser realizada a coleta, é retirada uma amostra de sangue para realização de exames prévios. “São investigadas uma série de doenças transmissíveis pelo sangue”, comenta Moreira. Nos cães, essas doenças incluem, por exemplo, a erliquiose, babesiose, leishmaniose e dirofilariose.

nos gatos, micoplasma, leucemia viral felina e imunodeficiência felina (FIV e FELV).

Cães – Ter entre 1 e 7 anos de idade e mais de 25 quilos. Precisa ser dócil, vacinado, ter tomado vermífugo e ter feito controle de pulga e carrapato. É possível retirar até 20mL de sangue por quilo, sem prejudicar sua saúde. A doação pode ser realizada em intervalos de 60 dias.

Gatos – Ter mais de 4,5kg. Precisa estar vacinado, com vermífugo e ter feito controle de pulga e carrapato. Também não pode ter passado por procedimentos cirúrgicos recentes. É possível retirar de 10 a 15mL de sangue por quilo, sem prejudicar sua saúde. A doação pode ser realizada em intervalos de quatro meses.