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Não tomar café da manhã dobra risco de arteriosclerose, aponta estudo

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL*, em São Paulo

02/10/2017 18h24

Pular o café da manhã ou se alimentar mal ao começar o dia dobra o risco de desenvolver uma arteriosclerose, um aumento da espessura da parede das artérias que pode ser fatal, segundo um estudo publicado na revista científica "Journal of the American College of Cardiology".

A pesquisa descobriu sinais de lesões causadas nas artérias antes do aparecimento de sintomas ou do desenvolvimento da doença.

Segundo os cientistas, esta descoberta poderia proporcionar uma ferramenta importante na luta contra as doenças cardiovasculares, que são responsáveis pela maioria das mortes no mundo.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 17,7 milhões de pessoas morreram devido a estas patologias em 2015.

"As pessoas que pulam o café da manhã, não só comem tarde e de forma estranha, mas têm um estilo de vida pobre", disse Valentin Fuster, coautor da pesquisa e diretor do Mount Sinai Heart, em Nova York (EUA), em entrevista ao jornal "The Guardian". 

"Este estudo prova que se trata de um mau hábito que as pessoas podem mudar para reduzir seu risco de doença cardiovascular", indicou.

Como foi feita a pesquisa

A pesquisa analisou a saúde e as dietas de 4.052 funcionários de um banco de meia-idade --homens e mulheres-, sem histórico prévio de doença cardiovascular. Foram coletados os índices de massa corporal, os níveis de colesterol e outras medidas, juntamente com dados sobre tabagismo, nível de escolaridade e nível de atividade física.

Deles, 25% tomavam um café da manhã rico e ingeriam ao menos 20% das calorias diárias nessa refeição. A grande maioria (70%), porém, consumia apenas entre 5% e 20% das calorias diárias no desjejum, enquanto 3% não comiam praticamente nada ao acordar.

Os que comiam pouco na primeira refeição matinal têm um maior "diâmetro corporal na altura da cintura, maior índice de massa corporal, pressão arterial mais alta, mais lípidos no sangue e níveis mais altos de glicose em jejum", afirmou.

Usando tecnologia de ultrassom para identificar eventuais acúmulos de gordura nas artérias ou sinais precursores de doenças, os pesquisadores perceberam que as pessoas que consomem menos de 5% das calorias diárias recomendadas no desjejum têm em média duas vezes mais gordura nas artérias do que as que tomam um café da manhã de alto teor calórico.

Este risco aparece independentemente de outros fatores como o tabaco, nível de colesterol e sedentarismo.

Regime equilibrado, menor risco

Estudos anteriores já tinham associado um café da manhã saudável com um bom estado de saúde, peso controlado, regime equilibrado e menor risco de colesterol e pressão arterial altos e de diabetes.

Pular o café da manhã também já foi associado a um aumento da probabilidade de desenvolver uma doença coronária.

"Apesar de que os que pulam o café da manhã estão tentando, em geral, perder peso, com frequência acabam comendo mais e alimentos menos saudáveis no final do dia. Pular o café da manhã pode provocar desequilíbrios hormonais e alterar os ritmos circadianos", explicou Prakash Deedwania, professor de medicina da Universidade da Califórnia, em um editorial que acompanha a publicação.

(Com agências internacionais)