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Astrônomos descobrem um objeto gigante: seria um planeta ou uma estrela?

Do UOL, em São Paulo

10/11/2017 17h14

Planeta ou estrela, eis a questão? A recém-descoberta de um astro gigante a 22 mil anos-luz de distância deve ajudar a responder esse grande dilema, que por muitos anos foi alvo de polêmicas entre os astrônomos.

O planeta, chamado OGLE-2016-BLG-1190, foi encontrado em junho de 2016 por um projeto polonês administrado pela Universidade de Varsóvia, graças à luz de sua estrela-mãe observada a partir do telescópio espacial Spitzer, da Nasa (Agência Espacial Norte-americana).

Os especialistas calculam que a massa do planeta seja 13 vezes maior do que a de Júpiter –o maior planeta do Sistema Solar, que é 317 vezes mais maciço que a Terra. Portanto, este mundo recém-descoberto é cerca de 4.000 vezes mais maciço que o nosso planeta. Isso o coloca direito na fronteira entre um planeta e um tipo de "estrela fracassada" chamada anã marrom, segundo o estudo.

Há diversos fatores que definem se um objeto celeste é uma estrela ou um planeta. Um deles é que um planeta não gera energia significativa como uma estrela. É por isso que uma estrela brilha, mas os planetas apenas refletem a luz. Já uma anã marrom está no meio do caminho.

Ou seja, não é uma estrela porque não funde hidrogênio para gerar energia significativa e, portanto, não brilha intensamente. Também não é um planeta, porque é capaz de gerar uma pequena quantidade de energia, segundo o jornal britânico The Guardian.

E com o tamanho de sua massa, o OGLE-2016-BLG-1190 fica bem no limite entre um planeta e uma anã marrom.

"Deserto anão marrom"

Outra coisa que chama atenção nesse recém-descoberto mundo gigante é sua localização. Ele orbita sua estrela a uma distância duas vezes maior do que a da Terra e do Sol. O que o coloca no centro do chamado "deserto anão marrom" e coloca em xeque a teoria de como as anãs marrons se formam.

Os planetas crescem a partir da acumulação de pequenos pedaços de pedra e metal. Estrelas, e possivelmente também anãs marrons, formam-se do colapso de uma nuvem de gás. É improvável que haja gás suficiente perto de uma estrela para entrar em colapso e formar uma anã marrom porque o gás seria conduzido pelo calor da estrela para regiões mais distantes.

Mas se isso é verdade, como o OGLE-2016-BLG-1190 apareceu no deserto? Os astrônomos buscam teorias e modelos computacionais para ver se conseguem descobrir alguns cenários possíveis sobre como esse estranho baile se formou. Enquanto isso, começará a busca de mais objetos no deserto marrom anão em torno de outras estrelas.