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Fenômeno visto na Bahia acontece 10 vezes ao ano no Brasil, diz astrônomo

2013: Meteoro em queda ilumina estrada na Rússia

UOL Notícias

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

22/02/2018 07h54

A bola de fogo que foi vista no céu em diversas cidades da Bahia na noite da última terça-feira (20) não é um fenômeno raro. Acontece em média 10 vezes ao ano em território nacional, segundo o astrônomo Marcelo De Cicco, coordenador-geral do Exoss --uma organização sem fins lucrativos que estuda meteoros.

"São meteoros com uma luminosidade igual ou superior à da Lua, que são tecnicamente chamados de superbólidos", diz o especialista, que acrescenta que esse tipo de fenômeno também é causado por lixos espaciais que entram em combustão ao atravessarem a superfície terrestre. "A intensidade do brilho depende do tamanho do objeto bem como da velocidade que ele adentra na Terra".

Diariamente, mais de 100 mil meteoros entram na atmosfera terrestre como estrelas cadentes, mas, de acordo com Di Cicco, a maioria deles passa despercebida. Os superbólidos como o da Bahia, que chamam mais atenção pela luminosidade, acontecem "dezenas de vezes no ano sobre Brasil", segundo o especialista. 

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Já aqueles meteoros com brilhos igual ou superior ao do planeta Vênus, conhecidos simplesmente como bólidos, são bem mais frequentes. Segundo o astrônomo, centenas deles acontecem anualmente sobre a cabeça dos brasileiros. "O que acontece é que a maioria deles passa despercebido por acontecerem em áreas isoladas, como em desertos, alto mar ou em áreas de florestas. Isso gera a falsa sensação de raridade."

Raro, como acrescenta o especialista, é esse tipo de fenômeno causar danos na Terra. O último do tipo foi o fatídico meteoro Cheliabinsk, um meteoroide de cerca de 10 mil toneladas e 17 metros de diâmetro que adentrou a atmosfera terrestre sobre a Rússia em 15 de fevereiro de 2013. Ele provocou a destruição de janelas e chegou a deixar cerca de 1.200 pessoas feridas. "Fenômenos dessa magnitude acontecem um a cada 30 anos."

Meteoroide é o nome dado ao lixo que vaga no espaço. Quando atravessa a atmosfera terrestre, esse meteoroide passa a se chamar de meteoro e, caso se materialize na Terra como rocha, vira meteorito.

Não há regiões mais ou menos privilegiadas pelo fenômeno luminoso, segundo De Cicco. Ele diz que o aumento da frequência dos bólidos possa ter relação com a posição espacial em que a Terra passa.

"Quando ela passa pela região toroidal, geralmente entre junho e agosto, nota-se um aumento desses fenômenos. Justamente porque essa pode ser uma região com um maior número de destroços espaciais", afirma o astrônomo, que acrescenta que o monitoramento dos meteoros que atravessam a atmosfera terrestre é recente. "Mas é essencial principalmente mediante o aumento da exploração espacial. Ele se faz necessário para garantirmos a proteção de sondas, satélites e astronautas."