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Júpiter possui atmosfera superprofunda e mosaico de ciclones, revela sonda

Foto tirada pela sonda Juno mostra que polo sul de Júpiter possui um mosaico de ciclones - Nasa/AFP
Foto tirada pela sonda Juno mostra que polo sul de Júpiter possui um mosaico de ciclones Imagem: Nasa/AFP

Do UOL, em São Paulo

08/03/2018 09h58

A atmosfera tempestuosa e gasosa de Júpiter se estende por cerca de 3.000 quilômetros de profundidade e compreende um centésimo da massa do planeta, revelaram nesta quarta-feira (7) estudos com base em observações da nave espacial Juno da Nasa. A atmosfera da Terra, em comparação, representa menos de um milionésimo da massa total do planeta.

As medidas lançam luz pela primeira vez sobre o que acontece sob a superfície do maior planeta do Sistema Solar, composto 99% de hidrogênio e hélio e que à distância se assemelha a uma bolinha de gude colorida e listrada. Os estudos foram publicados na revista especializada Nature.  

Galileu viu as listras em Júpiter há mais de 400 anos. Até agora, nós só tínhamos uma compreensão superficial delas 

Yohai  Kaspi, do Instituto Weizmann de Ciência em Israel

"O resultado é uma surpresa, pois indica que a atmosfera de Júpiter é mais maciça e profunda do que se imaginava", disse Yohai Kaspi, do Instituto Weizmann de Ciências de Israel, autor de um dos quatro estudos publicados sobre o planeta gasoso.

Até uma profundidade de cerca de 3.000 km, os dados de Juno mostraram, Júpiter compreende um redemoinho psicodélico de faixas de nuvens e correntes de jatos sopradas por ventos poderosos, em direções opostas e a diferentes velocidades.

Pesquisadores descobriram ainda que no centro do planeta os gases de sua composição se comprimem num liquido metálico denso, que gira uniformemente como se fosse um corpo sólido.

"É um enigma de quase 50 anos na ciência planetária que está resolvido", disse outro autor do estudo, TristanGuillot, da Universidade Cote d'Azur na França.

"Nós não sabíamos se um planeta gasoso como Júpiter girava com zonas e cintos todo o caminho até o centro, ou se, pelo contrário, os padrões atmosféricos eram superficiais".

Mosaico de ciclones

Os dados revelaram também que o polo norte de Júpiter possui uma constelação de nove ciclones e o sul de seis. A velocidade dos ventos em alguns locais pode ultrapassar a um de furacão de categoria 5, chegando a 350 km/h.

A erupção de ciclones maciços nos polos não são observadas em nenhum outro planeta do Sistema Solar. Não se sabe como os ciclones são formados, ou como eles persistem sem se fundir.

Sonda Juno

As descobertas foram o resultado de medidas sem precedentes do campo de gravidade de Júpiter por Juno, na órbita do gigante gasoso mais próximo da Terra desde julho de 2016.

Lançada pela Nasa em 2011, a sonda Juno orbita Júpiter desde julho de 2016. Essa é a segunda sonda que recolhe informações sobre o quinto planeta do Sistema Solar. A primeira, Galileo, esteve ativa entre 1995 e 2003.

"A primeira e mais importante questão que Juno pretende responder é como o nosso Sistema Solar foi formado e consequentemente entender mais sobre sua evolução", disse à AFP outro autor, Alberto Adriani, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália.

"Qualquer conhecimento que possamos acrescentar ao entender Júpiter, que é provavelmente o primeiro planeta formado (ao redor do Sol), é um passo nessa direção". Com agências internacionais