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Neymar rolando é mais rápido do que você caminhando: físico faz cálculos

Dean Mouhtaropoulos/Getty Images
Imagem: Dean Mouhtaropoulos/Getty Images

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/07/2018 12h45

As imagens de Neymar caindo pelos gramados nesta Copa 2018 rodaram o mundo em alta velocidade. Em diversos idiomas e em diferentes partes do planeta, os espectadores do mundial se perguntam: até onde Neymar chegaria rolando?

A cinemática, ramo da física que estuda o movimento dos corpos, tem a resposta: como rola a oito quilômetros por hora, se mantivesse essa velocidade constante, Neymar atravessaria um campo de futebol de 105 metros em 46 segundos. Em outras palavras, iria de gol a gol em menos de um minuto, rolando.

Isso é mais rápido do que a velocidade média de uma pessoa caminhando, que fica entre cinco e seis quilômetros por hora.

Os cálculos são do físico Daniel Angelo, do grupo Ciência em Show. Ele analisou os vídeos da partida contra a Sérvia, mais especificamente a falta cometida por Adem Ljajic contra Neymar, que levou o nosso camisa 10 a dar quatro voltas completas sobre si mesmo.

“Neymar é um jogador rápido, capaz de desenvolver em torno de 35 km/h em arrancadas”, diz Angelo, ao analisar a velocidade com o que o jogador rola no chão, após ser derrubado.

Ele estima que, com massa aproximada de 70 kg, Neymar acumulou uma energia de 3.750 Joules no lance. “Quando ele perde o apoio dos pés e cai, essa energia acumulada é usada para girar seu corpo", afirma o físico, que estima que o jogador percorreu oito metros girando sobre o gramado.

“Tal condição é totalmente plausível com a energia cinética de seu corpo”, avalia Angelo.

Ao cruzar o rolamento de oito metros em 3,5 segundos, obtém-se a velocidade média desse movimento: 2,3 metros por segundo, 8,6 quilômetros por hora.

Para essa análise, porém, é preciso levar em conta que essa rapidez toda no rolamento herda a velocidade que o jogador já tinha durante a corrida. Pouco provavelmente ele conseguiria manter esse padrão, caso se dispusesse a atravessar o campo todo rolando. Além disso, o atrito contra o solo agiria para diminuir o rolamento contínuo.

Estratégia de proteção

Vistos por muitos como teatro, os rolamentos de Neymar são uma técnica eficiente para proteger seu corpo. Pelo menos é o que opina o reumatologista Pablius Staduto Braga, do Departamento de Medicina Esportiva do Hospital 9 de Julho:

Por conceito, rolamento é proteção, pois você diminui o contato com apenas uma área do corpo e dissipa a energia

Ele afirma que a técnica de queda seguida por rolamento é ensinada a goleiros e em esportes de mais impacto com o chão, como o vôlei. “É uma das formas de evitar lesão por abrasão, que é raspar o corpo no solo”, explica Braga.

O médico avalia que, na famosa queda no lance contra a Sérvia, se não tivesse rolado, o atacante poderia ter sofrido uma fratura. “Se ele salta e, ao cair, apoia com a mão em vez de rolar, seria mais grave”, afirma Braga. “Existia o risco de quebrar o punho. Então ele joga o ombro, encolhe o braço e rola.”

Angelo concorda. “Ao rolar, o corpo perde a energia da queda de maneira lenta e gradual. Se ele caísse e parasse instantaneamente, a energia da colisão seria suficiente até para quebrar algum osso”, explica o físico.

“É similar à diferença entre colidir com um carro numa parede de concreto e numa parede de espuma. Obviamente a espuma vai amortecer a colisão, o que equivale a dizer que a energia do carro se dissipa mais lentamente, e o estrago seria bem menor.”